Ambulantes da Lagoa de Parangaba imitam os da Praça da Sé


Ambulantes continuam em espaço irregular

SARA OLIVEIRA
saraoliveira@oestadoce.com.br

Há mais de 30 anos, o domingo é o melhor dia para vendas e compras no entorno da Lagoa da Parangaba. A Feira que reúne milhares de pessoas e artigos, entretanto, ocupa espaços públicos da Capital e precisa de reordenamento.
A primeira tentativa de organização já surtiu efeito e retirou cerca de 200 ambulantes do canteiro central da Rua Professor Gomes Brasil. Calçadas da Avenida José Bastos, porém, ainda estão preenchidas por barracas, pedestres e bicicletas e a Prefeitura afirma que já procura outros espaços que possam abrigar o comércio.
A problemática é histórica: venda de pássaros silvestres, carros roubados e produtos sem nota fiscal. A Feira exibe, ainda, o aperto, a insegurança e o não cumprimento de exigências sanitárias e, apesar disso, possui aproximadamente dois mil ambulantes e tornou-se lugar certo para negócios de qualquer natureza.
A promessa do chefe de Meio Ambiente da Secretaria Executiva Regional (SER) IV, Rafael Mourão, é de que um efetivo de 40 fiscais e a delimitação de espaço na calçada, de 1,30m, permaneça em todos os domingos. No futuro, a prospecção é de que, as barracas sejam padronizadas, com tamanho de 2 m x 80 cm.
“Já fizemos duas blitzes educativas e, hoje, sem nenhuma resistência, realocamos os ambulantes dos canteiros para a quadra”, afirmou Rafael.
O espaço mencionado, mais próximo à margem da Lagoa, continuava vazio e, de acordo com vendedores do local, os comerciantes trazidos da rua foram se espalhando por dentro da feira. A ação da SER IV também realocou o espaço para venda de carros, tirando-os do passeio e colocando-os nas proximidades da Lagoa. “Se houver estacionamento irregular, haverá aplicação de multa”, frisou o chefe de Meio Ambiente.
PROPECÇÃO PARA FUTURO
O presidente da Associação dos Feirantes da Parangaba, Raimundo Cunha Filho, garantiu que a maioria dos ambulantes aprovou a tentativa de reordenamento. Conforme ele, o diálogo junto à Prefeitura deverá resultar na instalação de banheiros químicos, organização do espaço e novo cadastramento de vendedores.

“O cadastro vai ser feito, de surpresa, no domingo, durante a feira. Porque é preciso diferenciar o feirante de 20 anos com os rotativos, que vêm apenas para vender um produto”, explicou Raimundo.
A venda improvisada é uma das principais características da Feira da Parangaba. Enquanto caminha, o visitante pode comprar bicicletas, televisões, motos e até carros. “Olha aqui, noventa reais, já já eu vendo”, dizia o torneiro mecânico Ivan Vasconcelos, que tentava vender uma bicicleta. Na contramão do fluxo intenso de transeuntes, assim, no meio da passagem, o estudante Felipe Moreira se interessava pelo equipamento. “Ele tá fazendo a propaganda, mas eu me interessei”, afirmou o possível comprador.
O representante da SER IV garantiu que o objetivo, por enquanto, não é de retirar os comerciantes, mas de readequá-los. “Essa semana, vamos passar o trator aqui na área para limpar e vamos acionar outros órgãos para fazerem parte das ações aos domingos”, informou Rafael, destacando que solicitou a presença de técnicos da Vigilância Sanitária, Defesa Civil e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
COMPRADOR E VENDEDOR
“Taí uma coisa boa que fizeram, deixar espaço para o pessoal passar na calçada”, afirmou o aposentado Antônio Alves da Costa. Ele contou que a programação de domingo, obrigatoriamente, inclui a ida à Feira, apesar dos problemas enfrentados. “Tudo aqui é muito sujo. O povo limpa o frango abatido com a água da Lagoa, só para se ter ideia. Além disso, você não pode andar com dinheiro nos bolsos, porque metem a mão e levam”, detalhou.

Francisco Pedro Ferreira (foto) vendia água de coco há cerca de 20 anos no canteiro da Avenida José Bastos e, ontem, já estava com sua barraca realocada. “Nessa hora [10h35], eu já tinha vendido uns 100 cocos e não vendi nem 20 ainda. Mas sei que tem de ser assim, até eu fazer uma nova freguesia”, ponderou. O vendedor espera por mudanças, que já foram anunciadas outras vezes. “Já tiraram, mexeram e mudaram. Mas nunca organizou de verdade”, ressaltou.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário