Criação de TRFs irrita Joaquim, mas facilitará acesso à Justiça nos estados
ELE NÃO SE DÁ CONTA, MAS PARA UM CEARENSE TER ACESSO AO TRF DA SUA REGIÃO, POR EXEMPLO, TERÁ DE VIAJAR AO RECIFE
Em mais um capítulo do ambiente de hostilidade com
setores da magistratura, sobretudo entidades que representam juízes, o
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, pressiona o
presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, contra a emenda
constitucional, já aprovada, que cria mais quatro TRFs (Tribunais
Regionais Federais). Barbosa, cuja origem é o Ministério Público
Federal, acha que a intenção do Congresso e das entidades de
magistrados, passando de cinco para nove o número de TRFs, seria o
suposto "empreguismo" nos novos tribunais. Em conversa reservada com
Calheiros e o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, o
presidente do STF chegou a fazer comparações com o sistema judicial
norte-americano, mas sem destacar que, lá, valem as decisões dos juízes
singulares e dos tribunais de primeira instância, com escassas
possibilidades de recurso, bem ao contrário do Brasil. Ao criar os
quartro novos TRFs, o Congresso cedeu à reivindicação dos operadores do
Direito nos estados, dada a dificuldade de acesso aos atuais TRFs. O
TRF da 5ª Região, com sede no Recife, por exemplo, concentra casos de
outros cinco estados, além de Pernambuco: Sergipe, Alagoas, Paraíba,
Rio Grande do Norte e Ceará. Na maioria dos casos, as capitais desses
estados nem sequer dispõem de voos regulares para o Recife, o que torna
muito difícil o acesso das partes à tramitação dos processos e também
ao seu julgamenti. Não por acaso, o ministro Teori Zavascki, que atuou
no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, disse a Joaquim Barbosa, em
conversa reservada, que o TRF-4 "ficará esvaziado" com a criação dos
novos tribunais. Com sede em Porto Alegre, o TRF4 julga os casos dos
estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
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