Este é legítimo

Paraguai elege Horacio Cartes para a Presidência

  • Resultado devolve o poder aos colorados, que deixaram o comando do país em 2008 depois de 60 anos de hegemonia

Candidato Horacio Cartes comemora vitória das eleições no Paraguai em Assunção ao lado do vice Juan Afara
Foto: JORGE ADORNO / REUTERS
Candidato Horacio Cartes comemora vitória das eleições no Paraguai em Assunção ao lado do vice Juan Afara JORGE ADORNO / REUTERS
Assunção - Horacio Cartes foi eleito, neste domingo, presidente do Paraguai, com o reconhecimento de sua vitória pelo Supremo Tribunal Eleitoral do país. Cartes era favorito em quase todas as pesquisas e sua vitória foi reconhecida pelo opositor, Efraín Alegre, do Partido Liberal. Ao final da contagem, o conservador obteve com 45,91% dos votos contra 36,84% do adversário. No país não há segundo turno
O país foi questionado e depois suspenso de dois organismos regionais, a Unasul e o Mercosul. O Brasil, entre outros países, retirou seu embaixador do Paraguai.
A expectativa do pleito é que ele normalize as relações diplomáticas com os vizinhos. Mais de 500 observadores internacionais acompanharam a eleição, que renova o Senado, a Câmara e o governo das províncias. Antes da divulgação do resultado, a Unasul afirmou que houve marginalização dos partidos menores e compra de votos. Oscar Arias, representante da Organização de Estados Americanos, disse que confiava “plenamente” nos resultados ainda a serem divulgados pela Justiça Eleitoral.
As eleições, entretanto, foram marcadas pelo pedido de abertura de investigação do vice-presidente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, Juan Manuel Morales, que declarou, pela manhã, que já havia uma “tendência favorável a um dos candidatos” e que ela seria “irreversível”, sugerindo a vitória de Cartes. O Ministério Público afirmou que acataria abriria uma investigação.
Mais cedo, Alegre chegou a ameaçar não reconhecer o resultado. Mas depois aceitou a derrota.
- A cidadania elegeu de maneira transparente - disse afirmando que uma contagem paralela de sua coalizão o deixou com entre cinco e sete pontos percentuais a menos que Cartes.
O presidente eleito comemorou no twitter. “Obrigado a Deus por me dar a oportunidade de fazer algo pelo meu país!" Com posse prevista para agosto, Cartes tem um histórico polêmico.
Empresário, Cartes afirma controlar cerca de 26 empresas, algumas de tabaco e de álcool. Entrou na política em 2009 para, em 2012, ganhar o controle do partido. Comunicados da diplomacia americana de dezembro de 2010 vazados pelo Wikileaks identificavam Cartes como a “cabeça de organização de lavagem de dinheiro na Tríplice Fronteira”. O Ministério Público do país confirmou ter recebido a denúncia.
Durante a campanha, ele comparou homossexuais a “macacos” e disse que atiraria em suas partes íntimas se seu filho fosse gay.
As eleições paraguaias são historicamente marcadas por registros de compra de votos. Na semana passada, um senador do Partido Colorado, Silvio Ovelar, foi flagrado comprando os votos de 200 camponeses liderados por dois membros do Partido Liberal. Após o incidente, o senador foi punido com suspensão de dois meses.
Apesar do retorno dos colorados ao poder, é esperada certa renovação do Congresso, com candidatos de partidos menores ganhando cadeiras no Senado e na Câmara. O mais conhecido é Lugo, que concorreu pela Frente Guazú, uma agremiação de 11 partidos de esquerda.
Além dessa expectativa, a eleição também registou algumas novidades: um número inédito de candidatos a presidente, 11, votações em outros países para imigrantes e a alta participação da população, estimada em cerca de 70%, segundo o Tribunal de Justiça.
Segundo o Itamaraty, o Brasil aguardará a chegada dos relatórios das missões de acompanhamento eleitoral para avaliar o retorno das relações diplomáticas com o Paraguai.

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