Os
liberais clássicos e neoliberais consideram a regulamentação do mercado
de trabalho um erro, que ao invés de ajudar os trabalhadores acaba
prejudicando-os, aumentando o custo dos postos de trabalhos, retraindo
os investimentos em novos negócios ou na ampliação dos existentes.
Argumentam que, ao se regulamentar excessivamente o mercado de trabalho,
acaba-se criando barreiras que reduzem o crescimento econômico, pois os
empreendedores preferem investir onde o trabalho é regido pelas leis de
mercado. Apoiam-se em estudos comparativos mostrando que os países com
baixa regulamentação de mercado, principalmente em tempos de
globalização, conseguem crescer mais do que aqueles que regulamentam de
modo exagerado. Vejam o caso dos chamados tigres asiáticos.
Os socialistas radicais e moderados, comunistas, populistas e também os
oportunistas consideram uma injustiça existir tantos direitos para os
trabalhadores públicos e privados e quase nada para os domésticos, que
não têm direito ao FGTS, horas extras remuneradas etc e elegem novos
vilões da exploração do trabalho.
O problema é que o trabalho doméstico não gera nenhuma mais-valia para
as famílias empregadoras, a não ser que o trabalho seja explorado por
uma empresa de prestação de serviços que venda o trabalho cobrando um
valor maior do contratante, pagando um salário escorchante aos
empregados, apropriando-se da diferença.
Os supostos vilões para os congressistas são as famílias de classe média
na qual as mulheres precisam trabalhar para ajudar a pagar as contas,
cada vez mais altas. Esses vilões não conseguem acumular capital
algum, mas apenas sobreviver. Pelo contrário, a classe média que gera
empregos domésticos não pode abater essas despesas no imposto de renda,
ao contrário dos empresários, que podem computar seus custos com pessoal
na contabilidade.
A regulamentação em si não gera empregos, pois se assim fosse, com a
nossa CLT, cópia do modelo fascista italiano, que está em vigor desde os
anos 1930 do século passado, já seríamos um país desenvolvido, com a
inclusão social e econômica de toda a população.
Países pobres como o Brasil, com grande contingente de mão-de-obra
barata, não qualificada e disponível, geram um mercado de trabalho
informal, sem carteira assinada. Existem entre nós mais de 7 milhões de
trabalhadores domésticos e deste contingente, pouco mais de 20% têm
carteira assinada, número que provavelmente vai diminuir diante dos
custos que serão gerados pela PEC.
As diaristas, cujo número aumenta a cada dia para que as famílias
empregadoras possam fugir dos custos do trabalho legalizado, também já
são alvo dos legisladores que pretendem considerar dois dias por semana
nessa condição para que haja vínculo empregatício. Pode ser mais um
tiro no pé.
Em resumo, as empregadas de todo o País estão com insônia. É como
ganhar na loteria e perder o bilhete. Melhor seria se a presidente, ao
invés de sancionar a PEC sem alterações, propusesse uma emenda em que as
famílias com no máximo uma empregada registrada e com todos os direitos
trabalhistas, pudessem abater no IR todas as despesas. Assim, as
secretárias do lar teriam seus empregos garantidos e formalizados,
enquanto as famílias empregadoras poderiam ter um alívio na prestação
anual de contas com o Leão.
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