Participação e boa vontade


Vinte praças deverão ser adotadas na Capital

Thatiany Nascimento
thatynascimento@oestadoce.com.br

Praça arborizada, parquinho, canteiros conservados, lixeiras espalhadas e até música à disposição dos frequentadores. O equipamento público, que difere de tantos outros que padecem de cuidados e manutenção, em Fortaleza, situa-se no Papicu. Adotada há 11 anos pela Associação dos Amigos da Praça, a Praça Martins Dourado, é modelo de “apropriação” do espaço público, pela sociedade civil, que deu certo. Atualmente, 20 propostas de adoção do tipo tramitam, na Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), sendo 19 oriundas de empresas. Até o final deste mês, o resultado do Edital Adote o Verde, que tem justamente esta finalidade, deve ser divulgado.
Lançado, no dia 21 de março, pelo prefeito Roberto Cláudio, o Edital, conforme a Prefeitura, visa permitir a aplicação da Lei Municipal 8.842/04, que autoriza o poder público a permitir a entidades da sociedade civil, as associações de moradores, empresas e órgãos a possibilidade de adoção de determinadas áreas verdes da Capital. Praças, parques, canteiros e jardins são passíveis do procedimento, se a finalidade dos interessados for a conservação dos espaços. A adoção, que tem duração de 12 meses, podendo ser prorrogada pelo mesmo período, é vedada a empresas cujas atividades estejam relacionadas à política, cigarros, bebidas alcoólicas e agrotóxicos.
O prazo para seleção, segundo a gerente da Célula de Desenvolvimento Ambiental da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Edilene Oliveira, encerrou-se no último dia 3. Agora, a viabilidade das propostas está em análise. Metade dos projetos apresentados, segundo Edilene, referem-se à adoção de praças do Centro. Dentre elas, há propostas para a do Ferreira, José de Alencar, da Lagoinha, dos Leões e Parque das Crianças. As demais proposições referem-se a equipamentos espalhados nas seis Regionais. Consta ainda, de acordo com Edilene, a solicitação de adoção do canteiro central da Av. Aguanambi.
AVALIAÇÃO
“Estamos avaliando as ideias porque temos que analisar qual a atual situação do equipamento, se a Prefeitura tem projetos de requalificação para o local e se o projeto apresentado é viável”, explicou. Conforme a gerente, uma comissão constituída por representantes das Regionais, da Seuma e da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf) fazem o trabalho. Apesar da conclusão da seleção, ela garantiu que a ideia é tornar o projeto permanente, portanto, outras propostas podem ser apresentadas nas Regionais, sendo a análise executada após esta primeira etapa.

As benfeitorias, projetadas para os equipamentos, foram informadas pelos interessados no momento da inscrição no Edital. Elas foram programadas para os 12 meses. “Quem vai adotar já deixa claro o que deseja fazer, pois a Prefeitura precisa ter o controle. Toda reforma, alteração ou implantação de algo deve ser comunicada no momento do pleito.
Quando a adoção é aprovada, já temos ciência do que será executado”, completou. O resultado será publicizado ainda este mês, quando o acesso aos dados referentes às adoções e as respectivas entidades responsáveis ficará a disposição da população no site da Prefeitura.
TRANSFERÊNCIA DE CUIDADOS
Para o empreiteiro de obras Luiz Carlos Porto, frequentador assíduo da Praça Martins Dourado, a iniciativa é positiva já que revaloriza espaços que, muitas vezes, são sub-utilizados na Capital devido às precárias condições. “Essa praça é tão bacana. Tem tanto zelo da comunidade.

É muito bom, então por que não expandir para outros bairros?”, comentou. A moradora da Cidade 2000, gerente de recursos humanos, Janete Vogt de Souza, concorda, mas pondera. “Com a adoção, todo mundo se sente responsável. A praça fica limpa e acolhedora, mas, é preciso que a Prefeitura não esqueça que a obrigação é dela também”, ressaltou. 
A preocupação é mesma esboçada pelo ambientalista, Josael Santos Lima. Integrante da Frente Ecológica de Fortaleza, movimento, que no início do ano, apresentou ao prefeito Roberto Cláudio demandas das organizações ambientalistas da Capital, que incluiu a “recuperação de áreas verdes” e o “incentivo à arborização pela iniciativa privada”, destacou que apesar da iniciativa ser boa, ela revela a “impossibilidade” do poder público de dar conta da manutenção. “Se alguém adora, esse equipamento vira prioridade de um grupo, seja empresa ou associação, porém, evidencia que o cuidado não é uma prioridade do gestor público e nós também temos que cobrar, justamente, o maior envolvimento deste gestor”, opinou.

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