Pernambuco trata Dilma como personagem de segunda na reunião da Sudene em FOrtaleza


Site do PSB enaltece Eduardo e despreza Dilma



Diz-se que todo fato comporta três versões: a minha, a sua e a verdadeira. No universo da coligação governista, a verdade se perde entre duas versões: a da infantaria de Dilma Rousseff e a da intendência de Eduardo Campos. O contraste acentuou-se nos relatos que as duas partes produziram sobre a reunião em que a presidente acertou com governadores e vices do Nordeste as medidas antiseca.
Encerrado o encontro, o blog do governo de Pernambuco levou ao ar duas notícias que o site do PSB, partido presidido pelo governador Eduardo Campos, cuidou de ecoar. Em ambas, Dilma é retratada como personagem secundária. Só aparece em cena para ouvir os “alertas” e as “sugestões” do presidenciável do PSB. Repare aqui e aqui. Nenhuma palavra sobre os R$ 9 bilhões “liberados” por Dilma e trombeteados no blog do Planalto. Nada sobre as medidas empilhadas por ela e destacadas no site oficial e no do PT.
Na versão do PSB, foi Eduardo quem “alertou” os presentes “para a necessidade de obras de infraestrutura e políticas públicas” voltadas ao combate à seca. Sim, o tema já havia sido tratado antes. Mas Eduardo, autoconvertido numa espécie de visionário do óbvio, realçou que “é preciso avançar na tomada de decisões”. Lembrou que o cenário “vai exigir obras emergenciais”. Falou de um certo “olhar estratégico sobre o futuro”.
Numa rasgo de generosidade, os operadores dos sites do governo de Pernambuco e do PSB concederam a outro filiado ilustre, o governador cearense Cid Gomes, a cortesia de uma menção. Coisa ligeira. “…Cid Gomes falou em nome de todos os governadores do Nordeste e apresentou à presidente Dilma os pontos consensuados [irrrc!] pelos gestores.” Quais foram esses pontos? A notícia se absteve de noticiar.
De volta a Eduardo Campos, o texto informa que “o ponto fundamental” pingou dos lábios dele: dar “condição para que a travessia em períodos de estiagem se dê sem tamanho trauma”. Não fosse a seca, o raciocínio, por profundo, poderia ser atravessado por formigas com água pela canela.
A base econômica do sertão, declarou o presidenciável do PSB, “ainda está desprotegida”. Sim, e daí? “Precisamos de obras de infraestrutura e políticas públicas que protejam essa base econômica, com inovação tecnológica, com melhoria da qualidade do nosso rebanho.” Quem ouve fica com a sensação de que o orador esqueceu que é o padrinho político do ministro da seca, Fernando Bezerra (Integração Nacional).
No pedaço mais propositivo do seu discurso, informam os sites do governo e do partido, Eduardo Campos sugeriu a Dilma zerar o PIS/Cofins cobrado das companhias estaduais de água. Recordou que Dilma já desonerou a conta de luz. E emendou: “Agora, é chegada a hora conceder benefício semelhante às nossas companhias de água, que estão sendo duramente castigadas pela estiagem”. E Dilma, o que disse? Bem, a figurante ficou de estudar.

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