Uma ponte é uma ponte, assim como um pneu é um pneu


CMF aprova criação da ponte estaiada

Polêmica à vista. A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou, durante a sessão de ontem, o projeto de lei de autoria do prefeito Roberto Cláudio (PSB) que altera o sistema viário básico da Cidade.
O projeto foi aprovado com 31 votos favoráveis e seis contrários. A matéria versa sobre a construção de uma ponte sobre o Rio Cocó, “bem como as conexões das vias necessárias a sua compatibilização com a malha viária municipal”. Além disso, o projeto trata também dos “ajustes necessários a circulação existente através dos projetos executivos de transposição de túneis e viadutos, previstos nas obras integrantes do Programa da Copa”.
Segundo Roberto Cláudio, a revisão do sistema viário em alguns pontos faz-se necessária “considerando a implantação de diversas obras, partes integrantes do planejamento viário municipal, para dotar o Município de uma estrutura viária condizente com as necessidades inerentes à realização de uma Copa do Mundo”.
No início deste mês, a presidente Dilma Rousseff anunciou, em Fortaleza, um investimento de R$ 277 milhões para a construção da ponte estaiada. Na ocasião, Dilma disse que a obra seria incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e salientou que a ponte irá desafogar o trânsito das avenidas Sebastião de Abreu e Washington Soares, vias de intenso fluxo de veículos. Já o Governo do Estado, por sua vez, prometeu entrar com outros R$ 61 milhões.
Segundo dados preliminares, mais de 13 mil veículos deverão circular por dia pela ponte em 2014 e 62 imóveis – a maioria lotes de terra – deverão ser afetados pela obra que deverá ter início em julho próximo. A expectativa é de que a construção dure um ano e quatro meses. 
Emenda
Outro ponto discutido na Casa foi uma emenda, de autoria das Comissões de Legislação e de Meio Ambiente, que prevê a inclusão de uma via ao sul do loteamento Jardim Fortaleza no Sistema Viário da Capital. A proposta foi aprovada por 23 votos favoráveis, contra sete contrários e uma abstenção. Os petistas Acrísio Sena, Deodato Ramalho, Guilherme Sampaio, Ronivaldo Maia e os vereadores João Alfredo e Toinha Rocha (PSOL) são os que votaram contra a emenda. Apesar de aprovada por ampla maioria, é certo que os movimentos sociais deverão protestar contra a medida.

A alteração no Sistema afeta a área das Dunas do Cocó, como evidenciou o vereador João Alfredo (PSOL). Para o parlamentar, a emenda vai de encontro com o compromisso do prefeito Roberto Cláudio com a preservação da Árie (Área de Relevante Interesse Ecológico) do Cocó, e que a aprovação da proposta demonstra uma proteção à especulação imobiliária. “A aprovação desta emenda dá a cidade de mão beijada para a especulação imobiliária”.
O parlamentar prometeu ir até o gabinete do prefeito cobrar explicações sobre o projeto. João Alfredo alega que, como a Árie e o Parque do Cocó compõem um mesmo ecossistema, a estrada levaria a uma fratura entre as duas áreas protegidas, separando-as por uma via, interrompendo, portanto, todo o fluxo hídrico de todas as nascentes, que estão ao sopé das dunas e que drenam, de forma natural, para o Rio.
Para o vereador Guilherme Sampaio, os mapas apresentados no projeto não estão legíveis.

“Não temos nenhuma condição de votar favoravelmente algo que não foi sequer apresentado à Câmara. Estaríamos votando sem saber o que estamos votando. O que está acontecendo é que estamos votando sem tomar conhecimento do projeto”, disse o petista.
Audiência pública
Ainda ontem, a Câmara realizou uma audiência pública para discutir as ameaças de destruição as dunas do Cocó. João Alfredo lembrou a aprovação de uma lei de sua autoria do ano passado que preserva a área e fez críticas às tentativas da especulação imobiliária na região.

Um dos presentes à audiência, Marcelo Teles, do Instituto Federal do Ceará (IFCE), observou que é evidente que Fortaleza necessita de obras de mobilidade, mas com relação a esse projeto, não vê como vá desafogar o trânsito da Cidade. Teles propôs que o próprio município de Fortaleza faça um decreto criando a Unidade de Conservação do Parque do Cocó, “porque ele ainda é grande, mas não sabemos até quando ele permanecerá assim”.

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