Gente é pra brilhar...
A sacada do lateral Daniel Alves, da Seleção brasileira, de comer a
banana que um idiota atirou em campo, teve efeito-cascata instantâneo:
despertou a opinião pública para a tragédia do racismo no futebol. É
ótimo, mas tardio. No futebol brasileiro, por exemplo, o racismo é
antigo e já foi bem mais explícito. O Palmeiras só contratou o primeiro
jogador negro, o volante Og Moreira, em 1942, 28 anos após a fundação do
clube (o segundo negro, Djalma Santos, viria em 1959, dez anos após a
saída de Og Moreira). O time do Santos era conhecido como "Melindrosas",
por jogar todo de branco e não aceitar negros no elenco - justo o
Santos, que teria Pelé, Coutinho e Edu! O Fluminense, fundado em 1902,
contratou em 1914 um mulato, Carlos Alberto - e, para disfarçar, fez com
que entrasse em campo coberto com pó-de-arroz. Valeu até que começasse a
transpirar; o Flu ganhou o apelido que ostenta até hoje, "pó de arroz".
E a Seleção?
...não pra ser insultada
Depois que o Brasil perdeu para o Uruguai em 1950, no Maracanã, surgiu a
lenda de que negro não tinha condições emocionais de aguentar a pressão
de uma final. À Seleção, "faltava raça". Em 1958, houve vários negros
convocados, mas os brancos eram preferidos: De Sordi, grande jogador,
pôs Djalma Santos, muito melhor, na reserva; Zózimo perdeu o posto para
Orlando (que, aliás, jogou um bolão); o mulato Canhoteiro nem foi
cogitado para a ponta-esquerda. Didi era titular, mas seu reserva Moacir
também era negro. Pelé era Pelé. Djalma Santos jogou só a final, e foi
considerado o melhor lateral do mundo. Pelé e Didi liquidaram o mito.
Pelé - o Crioulo, o Negrão, o Craque-Café - era indiscutível.
Morreu ali, nos campos da Suécia, a discriminação no time campeão do mundo.
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