O Velho Farol...foram os olhos do mar, são os olhos do mar.


Prefeitura revitalizará o Farol do Mucuripe, segundo a SPU
Passado oito meses da polêmica que surgiu após o Farol do Mucuripe, em Fortaleza, ser grafitado, em uma das intervenções do Festival Concreto, a possibilidade de revitalização do bem tombado segue sendo discutida. A última reunião do Grupo de Trabalho (GT), constituído, em dezembro do ano passado, pela Prefeitura, Governo e União, para debater o tema, ocorreu em maio. Após isso, conforme o titular da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Jorge Queiroz, o GT dialogou com a Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) para que a mesma assuma a reestruturação. A resposta, conforme Jorge, foi positiva e pasta se encarregará da revitalização do farol.
Além da SPU e da Setfor, participam do GT as secretarias de Cultura Municipal e Estadual, a Secretaria Regional II e a Marinha do Brasil. Quando constituído em dezembro de 2013, após um relatório da Coordenadoria do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural (Copahc), da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), ter apontado que, em novembro do ano passado, que o farol estava “em situação precária de conservação, com avarias que poderiam comprometer, inclusive, a estabilidade da edificação, caso providências urgentes não fossem tomadas”, o GT tinha por missão, discutir a elaboração de projetos para a revitalização do espaço.
REUNIÕES
Segundo o superintendente do Patrimônio da União, Jorge Queiroz, em dezembro, foi cogitada a possibilidade da reestruturação do Farol ser incluída no projeto Aldeia da Praia, da Prefeitura, que prever obras de revitalização para a área do Serviluz. Até então, o Município tinha se comprometido, a recuperar, na segunda etapa do projeto, o entorno do prédio histórico, sem revitalizar seu interior. Em maio, o projeto Aldeia da Praia foi apresentado ao GT e a SPU solicitou a inclusão da parte interna do farol, na ação do Município.
“Após a solicitação, o secretário Salmito Filho comprometeu-se a incluir o equipamento. A Setfor disse que tem um projeto para o farol, mas ainda não apresentou. Vai ser agendada uma reunião o mais rápido possível para resolver essa pendência”, explicou Jorge. Ele acrescentou ainda que considera a revitalização do farol “uma obra extremamente necessária para um acesso mais seguro ao equipamento e para as pessoas que moram e trabalham naquela região”.
RECLAMAÇÕES
Enquanto a recuperação do farol, que é um bem tombado desde 1983 pelo governo estadual, não chega, moradores lamentam a atual situação e sonham com as melhorias. A dona de casa Kerly Souza, de 23 anos, conta que sente medo de morar na região. “Recebemos muitas promessas da Prefeitura, mas nunca são cumpridas. O farol está abandonado servindo apenas para usuários de drogas”, lamentou.
Outro morador da região, Wilton Carneiro, que é sócio de uma empresa de manutenção naval que fica ao lado do farol também reclama da situação. “Aqui é completamente abandonado. O Farol do Mucuripe, quando viemos para cá funcionava como museu, tinha guarda e vinham visitantes. Depois roubaram janelas, portas, escadas, depenaram o patrimônio histórico. Ano passado quando um grupo apareceu e fez grafitagem, apareceu um defensor para prender os caras dizendo que eles estavam depredando o patrimônio onde na verdade ninguém cuida”.
De acordo com ele, frequentemente aparecem turistas para visitar o farol. “Nós cansamos de mandar o pessoal voltar. Avisamos que é muito perigoso e eles vão embora com medo. Era para, pelo menos, ter um policiamento no entorno, mas não tem”, completou.
O servente Sérgio Henrique, morador da região há mais de 30 anos, lamenta o abandono. “Serve só para bandido usar drogas. Muito triste de ver um monumento histórico nesta situação. Aqui não vemos polícia. Eles estão na Beira Mar. Na periferia eles querem distância, finalizou.
EXECUÇÃO DO PROJETO
O jornal O Estado entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Setfor, na última sexta-feira (25) para saber detalhes sobre o projeto de revitalização do farol. Conforme solicitado pelo órgão às perguntas foram enviadas por e-mail, porém, até o fechamento desta edição o jornal não obteve resposta.
No início deste mês, em matéria sobre a construção de um calçadão e uma via paisagística no Serviluz, o jornal O Estado divulgou que as intervenções estão paradas, segundo a Prefeitura, por problemas burocráticos com a Construtora Beta, empresa vencedora da licitação para efetivação dos trabalhos. Após a empresa ter alegado falência, a Prefeitura ingressou na Justiça com uma ação contra a construtora para que a mesma seja responsabilizada pelo atraso no processo e o poder público possa dar continuidade à reestruturação.
Essas obras integram a primeira parte do projeto e não têm data para serem iniciadas. A construção de uma praça de 27000m², no entorno do Farol do Mucuripe, compõe a segunda etapa da intervenção, segundo a Setfor.
DATAS E HISTÓRIAS DO FAROL
1829 - Farol do Mucuripe teve sua planta aprovada;
1840 a 1846 - Fase de construção do prédio;
1846 - Prédio passou por
um incêndio;
1872 – Farol passa
por reforma;
1957 – Farol foi desativado por ter se tornado obsoleto e o novo farol entra em funcionamento;
1981 e 1982 - O equipamento passou por uma restauração, através de um projeto da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da então Secretaria de Cultura e Desporto do Estado;
1982 – O farol foi transformado no Museu do
Jangadeiro;
1983 – O farol do Mucuripe foi tombado por meio do Decreto nº 16.237, de 30 de novembro;
Após isso, o farol passou a sofrer com o abandono e a deteriorização;
2013 - Em novembro, dentro das atividades do Festival de Concreto, o equipamento é grafitado. Após o fato gerar polêmica, o Município, o Governo Estadual e a União (proprietária do Farol) reúnem para discutir um plano de recuperação do Farol.

Nenhum comentário:

Postar um comentário