Patacoada da segurança; eles não sabem o que dizem


Especialistas dizem que propostas não têm profundidade para combater a violência
Um dos desafios do futuro governador do Ceará é implementar uma plano de segurança pública que produza resultados no sentido de reduzir a criminalidade no Estado. Nos últimos anos, a administração estadual ampliou os investimentos em segurança, segundo dados oficiais. Mas os recursos extras não foram suficientes para frear a violência. No mesmo período, o número de homicídios dobrou - um dos piores índices registrados, conforme dados da pesquisa realizada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc). Com base nisso, o jornal O Estado ouviu especialistas na área para analisar as propostas apresentadas pelos candidatos. De modo geral, os entrevistados sentem falta de uma visão “ampla” do problema.
Os quatro candidatos ao governo do Ceará divergem sobre o assunto, embora alguns tenham propostas semelhantes. Ailton Lopes (Psol) defende a desmilitarização da polícia. O petista Camilo Santana, apoiado pela atual gestão, pretende, além de reorganizar o Ronda do Quarteirão, valorizar a carreira do servidor público da segurança pública revendo as distorções salariais. Eliane Novais (PSB) defende a implantação do Pacto pela Vida – programa estadual criado em 2007 pelo governo do Pernambuco. Eunício Oliveira (PMDB) promete, caso seja eleito, ampliar a atuação do grupamento Raio para o interior do Estado, além de nomear 1.500 novos servidores e unificar as polícias.
Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ricardo Moura, afirma que, em linhas gerais, as promessas dos postulantes ao Palácio da Abolição representam uma continuidade da atual política de segurança. O problema, para ele, é não se perceber uma estratégia inovadora, assim como aconteceu em 2006, quando o governador Cid Gomes (Pros) foi eleito prometendo a implantação do Programa Ronda do Quarteirão.
Segundo destacou, os candidatos precisam apresentar um plano estadual de segurança, o que, de acordo com ele, já se observa em estados vizinhos, mas ainda não se percebe com clareza do Ceará. “Falta avançar”, disse, acrescentando que, em parte, Eliane Novais segue uma bandeira diferenciada. Entretanto, sem muita clareza. Da mesma forma, o candidato Ailton Lopes que, apesar de defender bandeiras próximas do partido, ainda não traz algo de inovador.
POLÍTICA INTEGRADA
“São coisas pontuais, com atuações na área de polícia ostensiva”, disse o professor Vasco Furtado, criador do Portal Wikicrimes. Ele também concorda que uma boa medida seria a apresentação de um plano de segurança, em que, segundo ele, esteja presente o ataque à problemática em diversos focos, integrando, além de gestão, ações de segurança e políticas sociais, uma vez que a raiz do problema é mais complexa.
Segundo ressaltou, deste ponto de vista, as promessas ainda não fazem parte do discurso. Para ele, não basta que os candidatos simplesmente subam no palanque com promessas de mudanças, mas sim chamem a atenção com discursos diferenciados e que apontem como essas mudanças serão feitas. O professor vê a ação conjunta como uma boa medida para médio prazo. E admite que os resultados nesta área sejam difíceis.

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