Opinião

By MAURO VENTURA
Dependentes em amor, jogos, compras, tabaco, álcool e drogas
A psicóloga Elizabeth Carneiro atende pacientes na Santa Casa (rede pública) e no Espaço Clif (particulares). Com relação à dependência em tabaco e álcool, ela atinge da mesma forma pobres ou ricos. Jogo patológico, por sua vez, aparece mais na Santa Casa. Amar descontroladamente também é democrático, tem nos dois.

O crack, que era quase exclusividade da Santa Casa, cresceu assustadoramente na classe média e na classe alta. E ele aproxima ricos e pobres na devastação. “A pessoa não se limpa mais, não limpa a casa, vai vivendo num ambiente nojento, se isola. Às vezes só procura tratamento quando perde a guarda dos filhos.” Na clínica privada, acontece muito a internação à revelia do paciente. Os pais, preocupados porque o filho está subindo morro, se expondo a risco, com traficante ligando para casa, chamam a ambulância e mandar sedar o rapaz. A família fica culpada de fazer isso – “mas ele vai me culpar para sempre!”. Só que a boa notícia é que estudos mostram que a internação forçada é tão eficaz quanto a internação voluntária, se você tem uma equipe qualificada para tratar. A maioria dos pacientes depois agradece: “Se não fosse minha família eu tinha morrido.”

Sobre a diferença entre homens e mulheres dependentes, ela diz que o uso feminino da bebida é predominantemente doméstico. “Ela não é do botequim. É feio na nossa sociedade a mulher perder o controle, gritar que nem homem em boteco. Ela bebe geralmente em casa, de forma disfarçada. Tive uma senhora que bebia uísque numa xícara de chá. Outra tomava champanhe na banheira.”

Elizabeth está fazendo doutorado sobre jogo que envolve aposta. “15% dos jogadores patológicos, em desespero, tentam o suicídio. Endividam-se e não veem luz no fim do túnel. Las Vegas é a cidade americana com a maior taxa, por isso blindaram as janelas. O jogo envolve um desespero muito grande. A droga traz um gasto muito grande, mas no caso de jogo e compras o grau de endividamento é maior.” Na coluna Dois Cafés e a Conta ela fala de como vem tratando os dependentes de tabaco, álcool, drogas, amor, compras e jogos com uma técnica recente no Brasil.

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