Com
o resultado das eleições de 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT)
perdeu espaço considerável em sua bancada da Assembleia Legislativa do
Ceará, elegendo apenas dois deputados novatos, Moisés Braz e Elmano de
Freitas. Nenhum dos atuais representantes petistas na Casa
Legislativa, Dedé Teixeira, Rachel Marques, Antônio Carlos e Professor
Pinheiro, conseguiram a reeleição. A dúvida que paira agora é para
saber como o governador eleito, Camilo Santana (PT), irá aproveitar os
sem-mandato do seu partido e ainda arranjar espaço dentro de seu governo
para os demais partidos que manifestaram apoio a ele durante as últimas
eleições.
Lideranças
que atuaram nos bastidores da campanha também cavam espaço. É o caso do
ex-presidente do PT, Joaquim Cartaxo, que deve receber a indicação e
ter o apoio do governador Camilo para ocupar a presidência do Sebrae no
Ceará, mesmo contrariando a articulação do empresariado que trabalhava o
nome de Alexandre Pereira – presidente do PPS e vice-presidente da Fiec
– para o cargo.
Voltando
os olhos para a Assembleia, Dedé Teixeira, que conseguiu nas urnas
37.110 votos, é o primeiro suplente do partido. Ele já declarou ao O
Estado que está na expectativa da formação da equipe
de governo de Camilo e aguarda a divulgação dos nomes para saber se a
equipe do governador eleito irá impactar em uma nova composição da
Assembleia Legislativa, com a ascensão dos suplentes de deputados. O
nome do petista está sendo especulado para ser o secretário da Pesca no
governo de Camilo, na eventual criação de uma nova pasta.
Já
Raquel Marques se limita a afirmar que, antes de ocupar qualquer
mandato, é uma “militante do PT”. A atual deputada ainda diz estar à
disposição de seu partido para qualquer “desafio”. “Eu estou e continuo
firme na organização e na luta do PT. Por enquanto, ainda não tenho
nenhuma perspectiva para 2015”, declarou. Raquel também fica na lista de suplentes do PT, sendo a segunda da lista, conseguindo 35.955 votos.
A situação mais crítica e sem perspectiva de assumir mandato é de Antônio Carlos, que fez a campanha como
”o deputado estadual da Luizianne” e, ao final da eleição, somou apenas
16.286 votos, e do Prof. Pinheiro, que recebeu apenas 15.054 votos.
Ambos ainda não falaram sobre seus planos para 2015, a situação do
Antônio Carlos é mais delicada, pelo fato de o deputado ser aliado de
Luizianne Lins, o que complicaria a possibilidade de o petista assumir
alguma posição dentro do governo de Camilo Santana.
O
presidente estadual do PT, De Assis Diniz, avalia que, apesar de o
partido conseguir a vaga Executiva nas últimas eleições, o Legislativo
sofre um grande
impacto perdendo representantes. “A Assembleia foi para nós muito ruim,
perdemos quadros que tinham identidade e capacidade de elaboração muito
grande para o partido. Mas todos eles serão muito bem aproveitados
dentro do partido e quem sabe até mesmo dentro do governo”, afirma.
O deputado federal reeleito, José Guimarães (PT), também garante espaço para todos
os nomes que ficaram sem espaço tanto na Assembleia quanto na Câmara
Federal. “Nós temos grandes nomes que, infelizmente, não conseguiram o
espaço dentro dessas Casas, mas com certeza o nosso presidente estadual
junto com toda a equipe saberá aproveitar cada um deles”, enfatizou.
Aliados
Além
de “reservar” um espaço para alguns petistas dentro do seu governo,
Camilo enfrenta pela frente a expectativa de alguns partidos em manter
ou obter um bom espaço dentro do executivo. O presidente do PDT Ceará,
André Figueiredo, um dos aliados do governo de Camilo, afirmou que o
governador sabe quem trabalhou na sua campanha para que obtivesse uma
vitória e, por isso, segundo ele, saberá compensar no preenchimento do
secretariado.
O
PDT é detentor da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social no
atual governo. A expectativa de André é que a pasta continue sendo
gerida por algum membro da legenda, no entanto, oficialmente, o PDT
ainda não foi convidado para participar de nenhum processo de discussão
da formação da equipe do próximo governo.
Apesar
de o pedetista afirmar que não há nenhuma cobrança do partido encima de
Camilo, ele diz ter a certeza de que o PDT vai compor o governo para,
segundo ele, impulsionar o crescimento do Estado.
Entra
no páreo também por algum espaço no governo petista, o PCdoB, partido
do senador Inácio Arruda, que após ficar sem cargo na chapa majoritária
da coligação liderada pelo governador Cid Gomes (Pros), pleiteou uma
vaga na Câmara Federal, mas não obteve sucesso, ficando assim, a partir
de 2015, sem nenhum mandato.
O
PCdoB, antes mesmo de Camilo ser eleito, já defendia o nome do senador
para compor um cargo no governo petista, agora com Camilo já eleito e
Inácio sem nenhum mandato, a expectativa do partido é que Camilo saiba
ser “grato” pelo apoio da legenda.
No
caso do Pros – partido de maior apoio político de Camilo, e liderado no
Ceará por Cid Gomes – o governador eleito terá praticamente a
“obrigação” de arranjar um espaço para o deputado estadual Mauro Filho,
que após tentar a vaga para o Senado Federal e sair derrotado também
ficará sem mandato no próximo ano. No entanto, Camilo já aponta algum
espaço para Mauro o colocando em sua equipe de transição. Nos
bastidores, o nome de Mauro Filho já é dado como certo para ocupar a
presidência do Banco do Nordeste em uma articulação envolvendo a
indicação de lideranças cearenses para a presidente Dilma Rousseff.
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