Opinião




Será que errei?
Aproximadamente, há trinta anos, governava o Estado do Ceará, fui convocado pelo vice-presidente da República, Dr. Aureliano Chaves, para trocarmos idéias acerca da sucessão presidencial. Pertencíamos ao PDS. Com a não aprovação pelo Congresso Nacional, infelizmente, da emenda Dante de Oliveira (Eleições Diretas), a sociedade brasileira passou a debater a eleição do presidente mediante o Colégio Eleitoral.
Despontavam três candidatos: governador Tancredo Neves, deputado Paulo Maluf e ministro Mário Andreazza. A disputa ficou polarizada entre Tancredo e Maluf. Nos encontros que mantive com o Dr. Aureliano, resolvemos nos afastar do PDS, iniciamos um movimento de apoio ao então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves. Este contava com a solidariedade do PMDB, evidente, bem como dos dissidentes do PDS; já Maluf com o apoio do PDS. A disputa ganhou as ruas e parecia ser uma eleição direta. Tancredo, por suas ideias democráticas, competência, honradez e espírito público empolgou o povo brasileiro. Maluf e alguns aliados desenvolviam um trabalho pouco ético e tentavam conseguir adesões políticas. No dia 15-01-1985, venceu a seriedade de Tancredo.
Porém, o destino foi cruel: por motivo de saúde, o vencedor não assumiu e faleceu no dia 21/04/1985. Quanta emoção e tristeza dos brasileiros! Maluf, apesar dos problemas com a Justiça, continua na vida pública e recentemente foi considerado deputado federal "Ficha Limpa". É difícil entender. Todavia, graças a Deus, a meu juízo, não errei. Pela redemocratização do Brasil, faria tudo de novo.

Gonzaga Mota
Ex-governador, professor e escritor

Nenhum comentário:

Postar um comentário