Bom dia

Reeleito para um quinto mandato como presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter afirmou não temer ser preso e acusou os Estados Unidos de tentar interferir na entidade ao provocar a operação que prendeu sete cartolas em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin.
Em entrevista aos jornalistas na sede da Fifa neste sábado (30), ele foi questionado se tem medo de ser detido por causa da investigação das autoridades americanas. Blatter respondeu, visivelmente irritado com a pergunta: "Preso por que?".
Blatter também foi questionado sobre uma quantia de US$ 10 milhões que teria sido repassada, segundo investigação, a um cartola da Fifa em troca de apoio à África do Sul como sede da Copa de 2010 Na época, Jack Warner, então um dos vice-presidentes da entidade, teria acertado esse valor com dirigentes africanos, mas o atraso no repasse, cobrou o dinheiro da própria Fifa.
Um repórter perguntou ao presidente da Fifa se ele tinha ciência e autorizado o pagamento da suposta propina. "Definitivamente, não sou eu [que teria autorizado]. O que posso dizer é que não tenho esses US$ 10 milhões", respondeu. "Não comento essas acusações", respondeu.
O dirigente revelou ainda que entrou em contato com os patrocinadores da Fifa, que nos últimos dias cobraram uma resposta da entidade à crise que afeta sua imagem. Segundo ele, os dois lados trocaram cartas e ele disse estar confiante de que a turbulência atual não afetará as relações comerciais.
Pouco antes, a TV suíça RTS divulgou uma entrevista exclusiva com o dirigente em que ele levantou suspeitas sobre as intenções dos EUA ao solicitar à polícia suíça a prisão dos cartolas na véspera do congresso da Fifa que o reelegeu para o cargo que ocupa desde 1998.
"Ninguém vai me tirar a ideia de que é apenas uma simples coincidência que a operação dos EUA tenha acontecido dois dias antes da eleição da Fifa. Ninguém tira isso da minha cabeça", afirmou Blatter.
Esta é a primeira vez que Blatter critica abertamente a ação norte-americana abertamente desde a prisão dos dirigentes, acusados nos Estados Unidos de envolvimento em um esquema de corrupção que envolve US$ 150 milhões.
"Há sinais que não podem ser ignorados. Os americanos eram candidatos para a Copa de 2022 e perderam. Os ingleses foram candidatos em 2018 e perderam. Temos respeito ao sistema judicial dos Estados Unidos e à secretária Justiça. Se eles sofreram um crime financeiro, eles devem prender essas pessoas lá, não em Zurique durante o Congresso da Fifa", disse o cartola.
E continuou: "Não estou certo, mas isso não me cheira bem. Isso tocou a mim e à Fifa. Não só porque ele tentaram me denegrir, mas também porque eles usaram esse momento para dizer 'é hora de dar tchau'. Então eles disseram "nós vamos boicotar o congresso".
Na entrevista na sede da Fifa, após reunião do comitê executivo da entidade, ele questionou a presença de três jornalistas americanos no hotel Baur au Lac durante a operação policial que prendeu os cartolas que estavam hospedados no local.
A reunião do comitê executivo foi simbólica politicamente: o cartola inglês David Gill, dirigente da Uefa (que dirige o futebol europeu), não compareceu e anunciou que deixaria o posto.
Presidida pelo francês Michel Platini, a Uefa é a principal voz de oposição a Blatter dentro da Fifa. A entidade, que apoiou o príncipe Ali bin Al-Hussein na eleição, tem ameaçado boicotar a Copa do Mundo diante da permanência do dirigente.
Blatter minimizou o gesto de Gill e disse que Platini, presente ao encontro do comitê executivo, não sinalizou qualquer movimento de boicote.
Outra ausência foi a do presidente da CBF, Marco Polo del Nero, que abandonou o congresso da Fifa na quinta-feira (28) para retornar ao Brasil e se defender das possíveis ligações com o escândalo de corrupção investigado nos EUA.

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