Senado aprova tributo maior sobre importados e construção de shopping

Alan Marques -

O Senado concluiu nesta quinta-feira (28) a votação das medidas provisórias que compõem o ajuste fiscal do governo.
Foi aprovada, em votação simbólica, a medida provisória 668, que eleva a taxação sobre produtos importados, com a qual o governo conta para arrecadar R$ 700 milhões neste ano. Para 2016, a expectativa de receita com a medida é de R$ 1,2 bilhão.
Agora, para fechar o pacote de redução de gastos e aumento de impostos em tramitação no Congresso, resta a votação do projeto de lei que reduz a desoneração tributária a empresas, com o aumento da contribuição patronal.
No texto aprovado nesta quinta (28), foram incluídas algumas questões que fogem ao tema principal da medida. Uma delas é a possibilidade de a Câmara construir, por meio de PPP (parceria público-privada), um novo prédio, estimado em aproximadamente R$ 1 bilhão, para abrigar lojas e escritórios. Seria uma espécie de shopping, que vem sendo apelidado de "parlacenter".
A presidente Dilma sinalizou que vetará essa ideia, de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB - RJ).

Pedro Ladeira - 16.abr.15/Folhapress
Dilma sinalizou que vetará ideia do 'parlacenter', de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
Dilma sinalizou que vetará ideia do 'parlacenter', de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
O presidente do Senado, Renan Calheiros, defendeu, após a aprovação do texto, que matérias estranhas a medidas provisórias devem ser votadas separadamente.
A medida provisória também define a reabertura do Refis (programa de refinanciamento de débitos tributários) para empresas que tenham apresentado pedido de recuperação judicial. A autorização para que as dívidas possam ser parceladas em 120 meses valerá até para débitos acumulados após o pedido de recuperação.
Outro artigo, incluído por intermédio de Cunha, permite a entidades religiosas excluírem da base de cálculo do INSS ajudas de custo como moradia, transporte e formação educacional de profissionais da fé.
O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), afirmou que os senadores irão analisar nos próximos dias o conteúdo dos contrabandos incluídos pela Câmara na MP 668 para sugerir vetos. "Vamos olhar muito bem esse texto e avaliar aquilo que é pertinente nos contrabandos. Até para sugerir para a presidente Dilma o veto de algumas barbaridades que foram colocadas nessa medida provisória", afirmou.
Delcídio afirmou que o Senado precisava aprovar o texto sem derrubar nenhum desses pontos controversos em função do prazo de validade da medida, que expiraria em 1º de junho caso não fosse aprovada.
TRIBUTAÇÃO
O aumento da tributação sobre importados, cerne da medida provisória, teve como objetivo compensar uma decisão de 2013 do STF (Supremo Tribunal Federal) que decidiu vetar a incidência de ICMS sobre o cálculo do PIS e da Cofins desses produtos.
Na prática, a redução de impostos sobre importados favorecia esses produtos ante os nacionais. Com o argumento de evitar essa desvantagem sobre a produção brasileira, o governo elevou as alíquotas do PIS para 2,1% e da Cofins, para 9,25%. Os aumentos passaram a vigorar em maio.
Antes, essas alíquotas eram de 1,65% para PIS e de 7,6% para Cofins.
Nesta semana, o Senado aprovou as duas outras medidas provisórias que compõem o pacote de ajuste fiscal do governo, que tratam da alteração das regras de acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários.

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