Meu Deus!!!


Discussão sobre “Iracema” chega à Justiça
Uma das principais personagens do escritor cearense José de Alencar está representada em forma de estátua na lagoa de Messejana, em Fortaleza. O monumento da índia Iracema foi construído em 2004 e tinha a cor bronze. No entanto, em dezembro de 2011, ao passar por uma reforma ela recebeu a cor verde. A tonalidade gerou polêmicas, e o caso foi parar na Justiça Federal.
 Ícone da cultura indígena, a tonalidade gerou polêmicas tanto entre os moradores do bairro quanto entre os povos indígenas. “Pintamos o nosso corpo com tinta vermelha, extraída do urucum, e com a tinta do jenipapo, que é preta. Essas são as únicas cores que nos representam. Pintar uma estátua que representa uma índia na cor verde é um descaso com a nossa etnia e humilhante para o nosso povo. Talvez tenha algum sentido para o feitor da pintura, mas pra gente a cor verde só representa a mãe natureza. Vi como um insulto, uma falta de respeito, discriminação e descaracterização da etnia”, falou a índia Juliana Alves, da etnia Jenipapo-Kanindé, do município de Aquiraz.
 Já Rosa da Silva, da tribo Pitaguari, em Maracanaú, diz que escuta piadas relacionadas a coloração da estátua. “A pintura é uma agressão ao nosso povo e às mulheres indígenas. Já escutei piadas sobre isso e realmente chama atenção. Algumas pessoas chamam de Hulk e de ET. Quando passamos por um monumento que representa uma história para o bairro e para a cidade, nos deixa triste pelo descaso e desrespeito. Eu gostaria que voltasse à cor original e acho que ainda merecemos um pedido de desculpa publicamente pelo descaso”, disse.

Abaixo-assinado
Abaixo-assinado contendo 80 assinaturas de mulheres indígenas foi entregue em 2013 ao Ministério Público Federal (MPF). Na época, foi aberto um inquérito civil sobre a responsabilidade administrativa da Prefeitura Municipal e o MPF recomendou a adoção de medidas para execução de restauração da Estátua de Iracema, eliminando a coloração verde do monumento e adequando a cor da estátua à coloração natural da pele – como era a estátua originalmente. A recomendação foi feita pelo procurador da República Oscar Costa Filho, em setembro do ano passado, aos representantes da Secretaria Executiva Regional VI (SER VI).
 Um ano depois, nada foi feito. O historiador Adauto Leitão de Araújo avalia a demora da Prefeitura em repintar a estátua como mais uma prova de descaso.  “A figura da índia reporta aos povos e mulheres nativas. No ano passado, a Prefeitura se comprometeu a restaurar e a pintar o monumento da cor de antes, que era um bronze marrom, que mais se aproxima a cor da pele dos índios. A estátua pintada de verde é um forte atentado ao povo indígena, à literatura e a história”, criticou, recordando que, em 2014, a Regional VI assinou um termo comprometendo-se a restaurar.
 Devido ao não cumprimento da recomendação, o fato virou uma ação civil pública e foi para a 2ª Vara da Justiça Federal. “Agora, a ação é mais séria, pois passar três anos sem resolver o problema é mais que um descaso. Essa falta de resolutividade só piora a situação, pois o monumento continua sendo ridicularizado. As pessoas usam vários nomes pejorativos que atentam contra a imagem de Iracema e um atentado à mulher indígena”, complementou Adauto.

Tinta verde
Na época da pintura, diante da polêmica gerada entre os moradores de Messejana e de toda a cidade, a Prefeitura de Fortaleza explicou que “a tinta é ecologicamente correta e econômica porque permite que a pichação seja removida a seco ou com o mínimo possível de água e sabão”. Ainda segundo a Prefeitura, o monumento era alvo constante de vândalos. A gestão municipal disse ainda que a cor verde, que estava dentro da cartela de cores da tinta antipichação, era a que mais se aproximava da cor original da estátua.  
O monumento da índia era alvo constante de vândalos, conforme a Prefeitura. O monumento tem uma estrutura de aço revestida por uma resina especial, possui 12 metros de altura e pesa 16 toneladas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário