Foi criado na Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará o Núcleo de Medicina Integrativa (Numi), aprovado pelo
Departamento de Medicina Clínica em reunião realizada na terça-feira
(26), que passa a constituir importante espaço de formação para os
alunos daquela unidade acadêmica.
O Numi ficará
sob a coordenação da Profª Paola Tôrres, médica onco-hematologista com
formação em Medicina Integrativa pela Universidade do Arizona, nos
Estados Unidos, com mestrado e doutorado em Farmacologia pela UFC.
O
Núcleo reunirá uma série de projetos de extensão e de pesquisa
desenvolvidos desde 2013 na Universidade, como o de Práticas
Somaestéticas Integrativas do Corpo Pentelementar (P5INCO), criado pelo
Núcleo de Integração Somaestética (NISE), sob a coordenação do Prof.
Francisco Silva Cavalcante Júnior, do Instituto de Educação Física e
Esportes (Iefes), e o Projeto Transdisciplinaridade, Ecologia de
Saberes, Currículo, Educação e Resistência (TECER), coordenado pela
Profª Patrícia Limaverde, do Departamento de Biologia da Universidade
Estadual do Ceará (UECE).
MUDANÇA DE PARADIGMA
– Organizada como movimento de pesquisa dentro de universidades
americanas desde meados dos anos 1970, a Medicina Integrativa propõe uma
mudança de paradigma no tratamento médico, que deixa de ter a doença
como ponto principal da atenção e passa a compreender o adoecimento do
paciente em suas relações causais interdependentes de mente, corpo e
espírito.
Na Medicina Integrativa o paciente
(nesse paradigma, denominado de pessoa) é visto como agente responsável
por sua melhora e o conceito da cura é ampliado para o restabelecimento
do bem-estar físico, mental e social, conforme preconizado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). Na definição do Consortium of the Academic Health Centers for Integrative Medicine,
"a Medicina Integrativa é a prática que reafirma a importância da
relação entre médico e paciente, com foco na pessoa como um todo,
embasada em evidências, e que usa de todas as abordagens terapêuticas
apropriadas para alcançar saúde e cura".
O
médico Andrew Weil, um dos pioneiros da Medicina Integrativa e diretor
do programa na Universidade do Arizona, explica a prática "como aquela
que utiliza todos os tipos de terapias consagradas cientificamente,
sejam oriundas da medicina convencional ou de sistemas médicos não
tradicionais, para prevenir e tratar doenças e promover o bem-estar do
paciente".
COMPLEMENTARES – No Brasil,
uma portaria do Ministério da Saúde criou em 2006 a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares (PIC), normatizando a oferta de
tratamentos complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) com os
serviços de acupuntura, homeopatia, termalismo, plantas medicinais e
fitoterapia. Atualmente, dados do Ministério da Saúde mostram que o SUS
faz, em média, 385 mil procedimentos de acupuntura e mais de 300 mil de
homeopatia por ano. A oferta desses serviços está disponível em cerca de
1.200 municípios brasileiros.
EXTENSÃO E PESQUISA
– A principal atividade do Numi consiste nas ações de extensão e de
pesquisa do Programa Intensivo Integrativo de Apoio e Revitalização
(PRIINTAR) para pacientes em tratamento oncológico, que utilizam
práticas integrativas e complementares, como meditação, ioga, terapias
corporais e aconselhamento, na promoção da saúde de pacientes portadores
de câncer.
Desse modo, os estudantes de
Medicina e de outros cursos passam a ter contato com novas abordagens de
tratamento centrado na pessoa, além do modelo biomédico classicamente
ensinado.
O PRIINTAR é oferecido gratuitamente,
em Fortaleza, no Instituto Roda da Vida, uma organização não
governamental de caráter filantrópico e a primeira clínica de Medicina
Integrativa do Brasil reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e
pelo Conselho Nacional de Saúde. Tem como presidente a médica Paola
Tôrres.
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