Prefeito cobra relatório técnico da empresa

Um relatório técnico com informações sobre causas e responsáveis pelo desabamento do trecho na obra da ponte na Avenida Raul Barbosa, na última segunda-feira (22), deverá ficar ponto no dia 21 de março. Para a realização do relatório, a Prefeitura de Fortaleza montou uma comissão de sindicância com a participação de vários órgãos técnicos. “Na comissão tem representantes da Polícia Civil, Ministério Público do Trabalho, Tribunal de Contas do Município, Defesa Civil e outros órgãos de controle.
O objetivo é trabalhar com clareza e transparência. Estabelecemos um prazo para que a Prefeitura, com o apoio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), e técnicos especialistas da Universidade Federal do Ceará (UFC), possa entregar um relatório interno sobre o que aconteceu”, falou o prefeito Roberto Cláudio, durante entrevista coletiva no Paço Municipal, na tarde de ontem.
Ele acrescentou que os técnicos avaliarão “as circunstâncias, as causas, se houve algum tipo de erro, além dos motivos. Se for comprovado alguma negligência, apresentar e cobrar as responsabilidades”. Segundo ele, “essa é a primeira e a principal informação que deve estar contida no relatório”.
A comissão irá seguir um cronograma de reuniões semanais por quatro semanas. “Toda segunda-feira, às 14 horas, nos encontraremos em uma reunião no Paço, com todas as instituições, e dia, 2,1 a Prefeitura apresentará esse relatório”, garantiu Roberto Cláudio.
Notificação
A construtora responsável pela obra é a Ferreira Guedes, de São Paulo, especialista em obras ferroviárias, rodoviárias e portuárias. Roberto Cláudio informou que notificou a construtora para que, em 24 horas, ela apresente relatórios técnicos da empresa que ela terceirizou para a montagem da estrutura de aço e pela concretagem. “Esses documentos de experiência de atuação, manejo de materiais especializados serão fundamentais para o relatório”, afirmou.
Fiscalização
Ainda segundo Roberto Cláudio, a obra estava sendo fiscalizada constantemente. “No sábado (20), eu estive lá com o secretário de Infraestrutura, fiscalizando a primeira viga que foi concretada pelo mesmo método que a que deu o problema. Essa é uma obra municipal com recurso federal. Então, a Caixa Econômica também revisa tudo o que apresentamos como feito para comprovar o realizado”, explicou o prefeito.
Acidente
A escora que desmoronou faz parte das obras do projeto de intervenções na Avenida Raul Barbosa, onde serão construídos dois viadutos e uma rotatória. O acidente aconteceu por volta das 18h30 de segunda-feira (22).
Em entrevista do jornal O Estado, o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Victor Frota, afirmou que as chuvas não influenciaram na queda da estrutura. “O que se sabe, inicialmente, é que o problema aconteceu no escoramento da obra. Porém, esse sistema de escoramento não foi influenciado com o volume de chuvas nem com concentração de água embaixo da ponte, nada disso. O sistema foi adotado justamente como opção para não ficar na dependência desse período invernoso”, falou.
O presidente disse que o conselho formou uma comissão para investigar. “Os engenheiros farão vistorias no local e em 30 dias irá concluir a análise”, explicou.
Os operários Oliveira Andrade Braga, 39, e Francisco Flávio Martins, 49, morreram no local. Outros sete ficaram feridos. Quatro deles foram liberados no local do acidente e três foram levados ao Instituto Doutor José Frota (IJF). Até o fechamento desta matéria, dois operários receberam alta e um continua internado em observação. Na Pefoce, foram realizadas as necropsias nos corpos de Oliveira Andrade Braga e Francisco Flávio Martins (49). Os dois foram liberados para as suas famílias.
Indenização
Segundo Roberto Cláudio, a Prefeitura prestará amparo às vítimas. “Continuamos no esforço de acolher as vítimas, já que passaram por dores psicológicas, mas que felizmente sobreviveram ao ocorrido, como também as famílias dos operários que faleceram. A construtora tem uma responsabilidade civil da indenização, mas nós temos uma responsabilidade moral e vamos acompanhar esse processo de acolhimento”, assumiu.

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