O QUE APAVORA OS JORNALISTAS MAIS CAROS DA GLOBO
Por PAULO NOGUEIRA - Via DCM -
O que leva jornalistas graduados da Globo a se engajarem tão ferozmente na tentativa de golpe comandada por sua empresa?
É uma pergunta fascinante, e de resposta complexa.
Existem
as razões miseráveis de sempre, mas há mais que isso. Bajulação,
vassalagem e coisas do gênero contam apenas parte da história.
Há um fator provavelmente mais importante que tudo isso: medo. Pavor.
Jornalistas
como Merval, ou Waack, ou Míriam Leitão, para citar alguns entre
tantos, sabem que seu emprego corre enorme risco caso não se concretize
um golpe que mantenha franqueado o acesso irrestrito da Globo aos cofres
públicos.
A
Globo tem uma dependência brutal do dinheiro do contribuinte. Apenas em
publicidade de estatais, e estamos falando somente da tevê, arrecada
cerca de 500 milhões de reais por ano.
A
Globo sempre se valeu também de empréstimos indecentes do BNDES. Sua
gráfica – um investimento estúpido dos anos 90, quando a internet já
mostrava sua força – foi financiada pelo BNDES.
Na gestão FHC, um aporte do BNDES salvou a empresa da bancarrota depois de mais um investimento fracassado, este em tevê a cabo.
FHC
devia “favores especiais” à Globo – tirar de cena a amante perigosa,
Mírian Dutra, jornalista da emissora. Tivesse Mírian delatado FHC e
provavelmente não teríamos que suportar hoje suas monocórdias e
farisaicas prédicas pseudomoralistas.
Em
outra passagem clássica, a Globo construiu o Projac com dinheiro do
antigo banco estadual do Rio, o Banerj. O empréstimo foi pago com
anúncios, o que levou o Pasquim na ocasião a definir Roberto Marinho
como o maior ladrão de bancos da história do Brasil.
Um
macaco teria feito a Globo ser o que é, tantas as mamatas e tamanhos os
privilégios. Isto é, desde que o amigo símio estivesse disposto a
vender a alma.
Este fantástico esquema de irrigação de cofres com recursos públicos depende de um golpe para prosseguir.
É
claro que o governo petista, ainda que com formidável atraso, não vai
mais financiar uma empresa que é capaz de tudo para derrubar uma
democracia.
Se
Dilma fica até 2018 e Lula se elege por mais quatro anos, a Globo
estará condenada à morte. Ou, na melhor das hipóteses, a uma agonia
parecida com a da Editora Abril.
Não
é só o dinheiro público que vai sumir. Fora isso, a Era Digital fez da
mídia que sustenta a Globo, a tevê, um veículo em acentuada decadência. O
que ocorre hoje com a mídia imprensa é o que aguarda a televisão
amanhã.
Inexoravelmente.
Tudo
isso posto, como a Globo vai manter sua estrutura obesa de jornalistas
caros, ainda que recorra a esquemas sonegadores como a prática do PJ?
Não há milagre.
Os
maiores salários são os primeiros a ser eliminados quando a situação
definitivamente se complica. A Editora Abril, por exemplo, acaba de
demitir o diretor de redação da Veja, Eurípides Alcântara, depois de
dizimar os redatores-chefes da revista.
Ali
Kamel cabe numa Globo bilionária patrocinada pelo dinheiro público. Mas
e numa Globo sem isso e com os anunciantes migrando para a internet?
Na
Inglaterra, a internet já responde por metade do bolo publicitário.
Todas as demais mídias – tevê, jornais, rádios – disputam o resto.
No Brasil, isso não vai demorar a acontecer.
Os jornalistas mais caros da Globo ficarão inviáveis. (Não só eles, aliás: os executivos também.)
Um golpe colocaria um presidente amigo, e isso significaria para a Globo a manutenção da fábrica fácil de fazer dinheiro.
Os
jornalistas da Globo sabem que, sem isso, estarão numa empresa
dinossauro em que terminarão demitidos com cartas bonitas de despedida
pelos serviços sujos prestados.
Por isso, sobretudo, se engajam tão dramaticamente na luta contra a democracia: pela própria sobrevivência profissional.
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