AIXA 2 MONTADO PELA FIESP PARA COMPRAR IMPEACHMENT VAI VIRAR CAIXÃO DE SKAF
JOSÉ CARLOS DE ASSIS -
A
Fiesp montou um caixa 2 de, por enquanto, R$ 500 milhões para comprar o
impeachment de Dilma. R$ 300 milhões virão dos recursos públicos que
administra em nome do Sesi e do Senai; R$ 100 milhões serão “doados”
pelo parceiro de Skaf no golpismo a partir do mesmo fundo publico, o
presidente da Federação das Indústrias do Rio, Eduardo Eugênio; R$ 50
milhões serão aportados pela Federação do Paraná e outro tanto pela
Federação do Rio Grande do Sul, todos irmanados pelo impeachment.
Esses
industriais golpistas decidiram apostar tudo na derrubada da
Presidenta, não importam as consequências. A solução da crise, conforme
havia antecipado Veja em nome de todos eles e de uma parte substancial
das classes dominantes, é o Vice-presidente Temer. Mergulhando na
conspiração até o pescoço, Temer promete rever a iniciativa de Dilma de
contingenciar 30% dos recursos do Sesi/Senai (ou dos 4 S) e promover uma
reforma trabalhista regressiva contra direitos consagrados na
Constituição, que estará a cargo de Moreira Franco.
O
esquema Skaf/Temer só tem um problema. Como canalizar R$ 500 milhões
para os bolsos de parlamentares favoráveis ao impeachment sem o risco
de, agora ou no futuro, o dinheiro ser rastreado pela Justiça? Sim,
porque a Justiça não será entregue permanentemente nas mãos de
promotores e juízes partidários dos golpistas. Em algum momento
aparecerão em seu meio homens honrados que vão buscar na vida pública e
privada de parlamentares os indícios de enriquecimento ilícito. Como diz
Luís Nassif, acabou a era do dinheiro escondido.
Alguns,
obviamente, correrão o risco. Ademais, a decisão do impeachment se
aproxima como velocidade anti-natural. O mais importante nessa questão é
que os órgãos controladores da probidade administrativa, a partir do
Ministério da Justiça, tomem uma providência para ver de onde sai o
dinheiro golpista da Fiesp. Só um idiota acreditaria que sai dos bolsos
dos empresários ou mesmo de suas empresas. Eles são generosos, sim. Mas
são generosos com dinheiro alheio. Nesse caso, com o dinheiro dos 4S.
Eu
conheço isso muito bem. Fui assessor da presidência da CNI, nos anos
80, e já então se podia perceber a pajelança com dinheiro público que
era a gestão do Sesi e do Senai de muitos dirigentes de federações,
notadamente de São Paulo, que por seu poder econômico gozava de ampla
autonomia. Isso só deve estar piorado. Gente como Skaf não passa de
abutres em torno do dinheiro público quando se trata de dinheiro que
controlam, a despeito da retórica anti-imposto e anti-setor público que
professam com a maior cara de pau.
Insista-se
que recursos do Sistema S são, inequivocamente, públicos. Correspondem a
recolhimentos obrigatórios sobre a folha salarial das empresas
destinados ao ensino profissional e a atividades sociais dos
trabalhadores. Federações industriais, como Fiesp e Firjan, para simular
seu assalto a esse caixa público, criaram Centros industriais
vinculados às federações, por onde flui o dinheiro supostamente livre,
mediante manobras contábeis. É muito fácil desmascarar isso. Qualquer
órgão controlador público pode fazer uma devassa na circulação desses
recursos e desmascarar seu uso indevido.
Defendo
o direito da Fiesp propor o impeachment. Mas que seja com o dinheiro
dos empresários e não dos trabalhadores. Sesi e Senai, quando foram
criados há mais de seis décadas, certamente eram melhor geridas por
empresários porque, nessa época, trabalhadores
não tinham grande experiência de gestão. Agora a situação é outra. Sesi
e Senai devem ser entregues à gestão dos trabalhadores, inclusive como
forma de evitar o uso político dos dinheiro pelas entidades
empresariais, suscetíveis de maracutaias. Com isso o grande caixa da
Fiesp, para comprar o impeachment, pode virar o caixão de Skaf!
P.S.
Encontrei-me ontem no aeroporto de Brasília com o deputado Wadyh
Damous, ex-presidente da OAB do Rio, com a deputada Jandira Feghali e
com o senador Lindeberg Farias. Os três deram-me a boa notícia de que
estará sendo movida na próxima semana ação popular contra a Fiesp e seu
presidente, tendo em vista desvio de dinheiro público na campanha do
impeachment, aqui denunciada.
*Jornalista, economista, doutor pela Coppe/UFRJ.
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