Segurança: RC defende debate “honesto”
Candidato à reeleição, Roberto Cláudio (PDT) encerrou a série de
entrevistas realizadas pelo jornal O Estado com os postulantes desta
eleição à Prefeitura de Fortaleza. Na ocasião, o pedetista falou da
expectativa sobre o pleito e as mudanças nas regras eleitorais. Ele
apontou, ainda, medidas que deseja implementar caso seja reeleito,
sobretudo na área da saúde. Além disso, esclareceu seu posicionamento
sobre a discussão envolvendo a segurança pública nesta eleição. Segundo
ele, os candidatos não podem prometer aquilo que não está sob
responsabilidade do Município e, em sua opinião, a Guarda Municipal, com
efetivo maior e presente nos espaços públicos, pode ajudar a prevenir e
integrar a Prefeitura as ações de política que estão no controle do
Governo do Estado e Governo Federal.
[O Estado] Faltam três dias para a eleição. Nessa reta final, o que vai ser prioridade dentro da estratégia eleitoral?
[Roberto Cláudio] Intensificar o contato com o povo. Temos uma campanha
mais curta. Uma regra nova, que limitou a 45 dias de rua e certamente,
que muitos bairros, a gente não conseguiu chegar ainda para prestar
conta do que, nós, fizemos e, sobretudo, apresentar aquilo que quer
fazer, caso seja reeleito. Agora, nossa ordem é intensificar a presença
nas ruas, tanto eu quanto o Moroni. Estamos nos diversificando. Cada um
num local diferente. Temos um material de campanha – um que presta conta
das principais realizações e outro que propõe para o futuro. Então,
teremos caminhadas, carreatas e também eventos na própria tenda do
comitê com movimentos sociais e setores do plano de governo, além de
diversos eventos setoriais.
[OE] Diferentemente de todos os outros candidatos, o senhor
conseguir arrecadar a maior parte dos recursos para a campanha através
de doações de pessoas físicas e não dos partidos. É de se imaginar que
isso não foi uma tarefa fácil. Como o senhor conseguiu essas doações?
[RC] Primeiro, dizer que meu maior cartão de visitas é o nosso legado
administrativo. Muitos empresários, que doaram, tem dito isso. Tenho
dito que alguns doaram por afinidade pessoal, amizade, mas a grande
parte tem registrado que doaram por entender que a cidade bem organizada
e atrativa é uma cidade boa de produzir. Buscamos essas doações de
forma clara e transparente. Estamos cumprindo as regras. Estamos
rigorosamente cumprindo a nova legislação e declarando o que entra e o
que sai. Os escândalos que tem acontecido país afora não é pelo que está
declarado, mas pelo que não está declarado. É importante que os órgãos,
que fiscalizam as campanhas, sejam legítimos com TRE, Ministério
Público e a própria imprensa, lance seu olhar para isso. As empresas
estão apenas cumprindo a lei. Descumprindo a lei, são aquelas que tem
estrutura de campanha e estrutura de rua e não declararam receitas e
despesas. Aí, está o verdadeiro pecado e precisa ser fiscalizado. A
nossa orientação, a minha pessoal, é mesmo sendo uma lei nova e dar
margem a interpretação ser observado a interpretação da lei, cumprir
rigorosamente e tratar com clareza e transparência.
[OE] A grande preocupação dos moradores de Fortaleza diz
respeito ao atendimento na área da saúde. Mesmo diante dos investimentos
que a sua gestão fez, as dificuldades continuam. O que o senhor
pretende fazer caso seja reeleito?
[RC] Essa é a área que a Prefeitura mais investiu nestes quatro anos.
Das doze maiores capitais do Brasil, somos a cidade que tem maior volume
de investimentos per capita. Somos a quarta em investimento absoluto do
Brasil inteiro em saúde. Isso demonstra que a saúde foi prioridade. E
as próprias pesquisas reconhecem que a saúde é o maior desafio ainda.
Essas mesmas pesquisas, quando perguntada as principais ações da gestão,
elencam sempre mobilidade urbana e saúde. Um reconhecimento que há
ainda o que ser feito, mas que também muito já foi feito. Entretanto,
não sou presunçoso em achar que, durante quatro anos,conseguimos
resolver todas as contradições da saúde.
Duplicamos a cobertura do Programa de Saúde da Família, contratamos
mais médicos, abrimos as primeiras Unidades de Pronto Atendimento (UPA)
municipal, abrimos o primeiro equipamento para exames em Fortaleza, que é
a policlínica, e ampliamos em 260 os leitos hospitalares. Feito tudo
isso, outra tarefa para um segundo governo: aumentar a cobertura de
serviço, temos de ajustar o estoque e distribuição de medicamentos para
atender de forma adequada esta demanda nova de consulta médicas. Para
isso, implantamos um novo sistema, que está em teste. Por outro lado,
estamos com as policlínicas criando uma rede que inexistia na cidade,
para dar resposta às longas e intermináveis filas de consultas. E também
estamos preparando, para o segundo governo, modernizando a estrutura
hospitalar, com reforma e ampliação de 450 novos leitos, incluindo o IJF
(Instituto Doutor José Frota).
[OE] Na educação, o senhor pretende mudar alguma orientação na política adotada no primeiro mandato?
[RC] Temos avanços, mas, em quatro anos, também não se consegue preparar
a rede pública municipal completamente. Nós, avançamos em todas as
áreas da educação, com aumento de vagas nas creches, implantação das
escolas de tempo integral e indicadores, tanto no processo de
alfabetização quanto no quinto e nono ano. Inclusive, todos os processos
de avaliação do governo estadual demonstram que houve evolução nestes
quatro anos.
Mas, é preciso, assim como na saúde, dar continuidade dessas
políticas. Quais sejam: primeiro pagar melhor o professor, pagamos 15% a
mais do que pagamos aos servidores acima da inflação. Também garantimos
que diretores de escolas e creches fossem escolhido por mérito e não
por indicação política, além de garantidos um tempo para o professor
planejar aula e implantamos a avaliação na escola e supervisão da gestão
escolar e dialogamos com sindicatos e evitarmos as greves e
interrupções no calendário escolar. O conjunto disso garantiu mais vagas
e mais qualidade na educação. Queremos permanecer com essas conquistas e
abrir mais 6 mil vagas de creche em tempo integral e mais 20 escola em
tempo integral, para garantirmos, de um lado, proteção às crianças e aos
pais segurança. Do outro lado, uma fase onde as ruas oferecem seduções
maliciosas, garantir a proteção em tempo integral.
[OE] Uma das áreas consideradas exitosas até por seus
adversários é a mobilidade urbana. Novas avenidas, faixas exclusivas
para o transporte público, ciclofaixas… Uma política que virou
realidade. Quais serão os próximos avanços, caso seja reeleito?
[RC] Na mobilidade, nós, tivemos a marca da inovação e nem foi a área
que mais investir, que foi saúde e educação, fazendo muito o feijão com
arroz. Mas, muito que nós fizemos foi contratar mais pessoal e implantar
uma política simples e em escala. Na mobilidade, há singularidades, há
inovações que acabaram dando a essa área, para população, a marca mais
diferenciada da nossa gestão. Implantamos o bilhete único, que garante
agilidade e economia para o trabalhador e estudante.
Começamos a implantar os ônibus com ar-condicionado, as faixas e
corredores exclusivo de ônibus, que permite uma nova cultura na cidade.
Também iniciamos uma política cicloviária, integrando bicicletas e
ônibus, além de transformar a bicicleta num modo de transporte e não só
lazer. Além disso, fizemos diversas obras viárias, como túneis e
viadutos, que tem ajudado em todas as regionais da cidade as pessoas a
se deslocarem com mais rapidez.
Mobilidade é um fim em si mesmo. É uma ação de governo, mas também um
meio. Uma cidade que se desloca com mais rapidez e se organiza em
tornos dos corredores de ônibus, acaba dando mais tempo para que as
pessoas vivam com mais qualidade de vida e usufruam mais da sua família e
espaços públicos. Essa é uma ação que tem dupla missão. De um lado,
agilizar o trânsito, a fluidez e a economia. Do outro, dar ao cidadão e a
família mais qualidade de vida. E queremos ampliar as ações. Queremos
fazer mais 130 quilômetros de faixas exclusivas. Tem uma grande em obra,
que é a Aguanambi. Além de 120 estações de Bicicletar pelos bairros da
cidade. Queremos implantar mais 12 estações das bicicletas
compartilhadas, além de obras viárias.
[OE] O debate da segurança teve muita atenção nesta eleição. O
que o senhor acrescenta a esse debate, além de armar ou não a Guarda
Municipal?
[RC] É preciso ser muito honesto, quando se aborda a questão da
segurança enquanto candidato à prefeito. Nós, não podemos prometer
aquilo que não está sob a responsabilidade do município. Garantir
segurança depende, em parte, de uma tarefa municipal, mas depende também
de ações que estão fora do limite do papel da Prefeitura. Todos nós
sabemos que a segurança pública passa pelo Ministério Público atuante,
como tem sido o nosso; um sistema Judiciário, que julge com rapidez e
dar celeridade ao julgamento dos crimes para evitar impunidade. Além
disso, tem as polícias fora do sistema do Governo do Estado. Caso da
Polícia Federal, que tem um excelente trabalho no controle de divisas e
combate ao narcotráfico. Depende do nosso aparelho policial estadual –
Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiro. Todas importantes no
combate direto e repressão a violência. Toda essa instituição tem papel
importante, assim como tem o legislador, que cria novas normas e
garanta, que aqueles devidamente julgados, cumpram penas justas e não
reincidir no erro.
Então, há toda uma complexidade de ações. O papel do Município, na
nossa cabeça, é muito mais preventivo e não podemos confundir o cidadão,
que já está desesperado, apavorado e medo da violência que já atinge
grandes cidades brasileiras e Fortaleza também, e prometer, à eles, o
que o Município não pode dar. O que podemos fazer é um papel preventivo
na área social e na área urbana. Por exemplo, recuperar espaços urbanos,
como praças, areninhas, além de iluminar a cidade, urbanizar com
asfalto, drenagem e limpeza dos bairros mais escuros, mais isolados e
mais violentos. Esse é o papel da cidade. Até um papel para Guarda, mas
um papel complementar. Guarda não é equipamento militar, é um
equipamento civil, preventivo e comunitário. Na nossa visão, a Guarda,
com efetivo maior e presente nos principais espaços públicos, pode nos
ajudar a prevenir e integrar melhor a Prefeitura as ações de política,
que estão no controle do governo do Estado e Governo Federal. Mas,
jamais prometer uma Guarda militar, não só está fora dos limites da
constituição, como está fora do razoável para população.
[OE] Não seria o caso da Prefeitura cobrar do Governo do
Estado que as medidas de segurança cheguem de fato e minimizem o
problema?
[RC] Já temos uma ação em andamento, acontecendo no Vicente Pinzon. Lá, o
Governo do Estado aumentou a vigilância com efetivo policial, além do
papel preventivo com os movimentos sociais. A Prefeitura e Governo tem
feito uma nova urbanização no Mucuripe. Há uma multiplicidade de
intervenções municipais urbanas e também policiais acontecendo de forma
integrada. O que aconteceu foi que todos os indicadores de furtos,
assalto e homicídios foram impactados positivamente. É uma experiência
recente e, agora, a ideia é levar para outros territórios. Inclusive, já
há um plano de ação para o Grande Bom Jardim, Genibaú, Curió e São
Miguel, além de uma intervenção específica para Praia de Iracema.
Coligação
Aliança. RC conseguiu reunir 18 partidos na Coligação “Fortaleza só
tem a ganhar”: PP – PDT – PTB – PSL – PTN – PSC – PPS – DEM – PSDC –
PRTB – PMB – PTC – PV – PEN – PPL – PSD – PCdoB – PROS.