Um dia pra marcar no calendário

 Em 1936 e em 1964 (Logomarcas)
Hoje, 24 de setembro de 2016, este blog deveria fazer um grande comentário, um desfile de emoções, um texto carregado de...sei lá, dum bocado de coisa bonita, leve, histórica, elogiosa até, mas absolutamente verdadeiro. É que hoje o Jornal O Estado(CE), vai aos 80 anos de existência, de vida útil, de caminhos ásperos, de espinhos duros, porque todo dia um jornal não deita em pétalas. Deita e levanta em dor, como se ficasse prenhe  e parisse todo santo dia que Deus dá. Isso até parece muito com a realidade. Uma prenhês diária e um parto diário. Mas, ao invés de estar aqui falando isso e comemorar o feito aos foguetes e faixas coloridas, vou ao texto do articulista  João Soares Neto que lá escreve semanalmente. Prefiro assim. Fico em paz com minha simples presença. Faço o registro da data com o coração em festa e a alma genuflexa. Humildemente até poderia pedir a Deus mais 25 anos, mas aí é exigir demais do Pai. Dê Ele ao jornal mais 100, 200 e que os pósteros lá no futuro saibam que fizemos história juntos. Deus abençoe a todos.



O ESTADO – 80 anos depois. 
João Soares Neto

Caso você nunca tenha entrado em uma redação de jornal, não sabe o que está perdendo. Hoje está tudo mais tranquilo, com o suave bater das teclas dos computadores, as reuniões de pauta e o bulício do fechamento da edição. Foi-se o tempo da composição a chumbo quente. Vieram as linotipos, os computadores, esses destruidores do ontem, pois precisam sempre do amanhã, diferente do hoje.
Em 1936, uma agremiação política, o Partido Social Democrático-PSD, teve a audácia de fundar, em Fortaleza, mais um jornal e deu a ele o nome pomposo de “O Estado”. Fortaleza, com 136 mil habitantes, possuía vários Jornais: Correio do Ceará, fundado em 1915; O Nordeste, em 1922; Gazeta de Notícias, em 1927; e O Povo, em 1928.
O PSD escolheu um jovem advogado, José Martins Rodrigues, para dirigi-lo e assim começa a história do “O Estado”, em 24 de setembro de 1936. Agora, 80 anos depois, “O Estado-Ce” comemora o octogésimo aniversário. Percalços, muitos. Basta dizer que em 1937, como todos sabem, o Brasil entrou no “Estado Novo”, regime político ditatorial, e dele só sairia em 1945.
A história do “O Estado” está sendo escrita pelo jornalista e professor Luiz Sérgio Santos, daí não precisar discorrer sobre todas as vitórias e as barreiras deste jornal que chega às bancas e às mãos dos assinantes todas as manhãs, de segunda a sexta-feira.
Os 80 anos, amanhã completados, devem ser motivo de alegria para os que cultuam a democracia, a informação e a liberdade, objetivos maiores deste compacto periódico a cada dia. Ele traz o essencial do acontecido no Ceará, no Brasil e no Mundo, originado não só pelas agências de notícias e o captado pela Internet. Além do jornal impresso, “O Estado” possui blog e televisão, via Youtube.
Há que se destacar a argúcia de seus articulistas explorando os eixos sobre os quais passeiam as grandezas, as sutilezas e as vilezas humanas, sem sensacionalismo e com ponderabilidade. A ascensão de Ricardo Palhano à direção do jornal, acolitado pela família, aconteceu desde a morte de Venelouis Xavier Pereira, em 1966.
Procurei alguém com densidade jornalística e conhecimento das entranhas do Jornal para falar sobre “O Estado”. A escolha recaiu na pessoa do articulista Macário Batista, esse jornalista globe-trotter a temperar  os seus textos diários com a argúcia de veterano, a leveza do humor, e a determinação de “foca” que sai atrás daquilo que,  algumas vezes, sequer sabe definir ou mensurar.
Macário diz: “Os sonhos nunca duraram tanto. Lá atrás, no tempo, quando os intelectuais-políticos, gente que sabia ler e escrever, criou O Estado, sonhavam com uma imprensa livre, com um lugar pra disseminar ideias, um canto pra repousar o ideário libertário do Ceará. 80 anos do Jornal O Estado, no meu juízo, passando por todos os instantes porque passam instituições feitas de sonhos e desejos é uma realidade madura, generosa, verdadeira, una no seu todo. Estou lá, faz coisa de 25 anos. Humildemente incluo meu nome nesses 80, crente na seriedade dos propósitos dos que deram sequência ao trabalho do saudoso Venelouis Xavier Pereira. O jornal ganhou o rosto da juventude, o gestual meigo da presidente Wanda Palhano e a coragem nunca perdida de seguir a verdade e a legitimidade das instituições democráticas”.
 

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