O desmone federal

Fechamento da usina de biodiesel vai atingir mais de dois mil trabalhadores

Audiência pública para debater fechamento da usina de biodiesel da Petrobras no município de Quixadá  
Audiência pública para debater fechamento da usina de biodiesel da Petrobras no município de Quixadá Foto: Marcos Moura
A decisão da Petrobras de sair da produção de biocombustíveis no País atinge diretamente a usina de biodiesel de Quixadá. A afirmação foi feita pela deputada Rachel Marques (PT) na tarde desta quarta-feira (26/10), durante a audiência pública realizada na Assembleia Legislativa para a discutir o fechamento da usina de biodiesel de Quixadá a partir do 01 de novembro, conforme plano estratégico de investimento da Petrobras para o período de 2017/ 2021.
Segundo a parlamentar, que solicitou o debate, a intenção é buscar todas as alternativas possíveis para impedir o fechamento da usina, tendo em vista sua importância social. "O fechamento da usina vai atingir diretamente 134 trabalhadores e mais de dois mil agricultores familiares que tem contrato até 2020 com a usina para o fornecimento da mamona, que é uma das matérias-primas para a produção do biodiesel", afirmou.
O secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado (SDA), Dedé Teixeira, informou que o governador Camilo Santana (PT) solicitou ao presidente da Petrobras, Pedro Parente, que antes do fechamento da usina haja uma ampla discussão com a sociedade e o Governo do Ceará para encontrar alternativas e impedir o fim das atividades. "Uma alternativa seria promover incentivos para que haja uma migração, mesmo que seja preciso a Petrobras passar a usina para outra empresa e assim manter o empreendimento funcionando", informou.
Ainda de acordo com Dedé Teixeira, os países mais modernos estão aumentando a quantidade de biocombustível no óleo diesel em 20%, enquanto hoje, no Brasil, essa mistura é de apenas 5%. "O mundo caminha para a produção de energias sustentáveis", enfatizou.
Para Antônia Ivoneide, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o fechamento da usina representa a destruição das políticas públicas que os governos anteriores construíram para promover a inclusão social dos trabalhadores. "O fechamento da usina é uma ação irresponsável, porque a Petrobras não está levando em consideração a situação dos trabalhadores da usina nem a situação dos agricultores que têm contrato com a empresa", afirmou. Segundo ela, é necessária uma maior discussão para que seja encontrada uma saída durante esses seis meses de processo de desligamento. Antônia Ivoneide acredita que a entrada do Governo do Estado nessa discussão é de fundamental importância para garantir a continuidade do empreendimento em Quixadá.
O impacto do fechamento da usina é bastante significativo, porque vai afetar não apenas Quixadá, onde a usina está localizada, mas todos os municípios da região que foram incentivados a voltar a produzir a mamona, que estava em extinção, afirmou o presidente da Associação dos Prefeitos e Municípios do Ceará (Aprece), Expedito Nascimento. Para ele, a decisão da Petrobras vai gerar desemprego, não só em Quixadá, mas nos municípios do entorno da usina.
Também participaram do debate o secretário da Agricultura, Pesca e Aquicultura do Estado (Seapa), Odilon Aguiar; o secretário de Meio Ambiente do Estado (Sema), Artur Bruno; os deputados estaduais Osmar Baquit (PSD) e Mosiés Braz (PT) e o deputado federal Odorico Monteiro (Pros-CE); o prefeito de Quixadá em exercício, Wellington Xavier, e o prefeito eleito, Ilário Marques; o secretário de política agrícola da Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Ceará (Fetraece), Francisco de Almeida Carneiro; Ercília Amaral, da Rede de Catadores, e Alex Marques, da Cáritas, além de vereadores e
trabalhadores agrícolas da região do sertão central.
WR/CG

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