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Sem garantia de apoio, PDT lança Figueiredo à presidência da Câmara


Lula Marques - 31.out.12/Folhapress
O deputado federal André Figueiredo (PDT-CE)
O deputado federal André Figueiredo (PDT-CE)
O PDT decidiu nesta terça-feira (17), por consenso, lançar oficialmente a candidatura do deputado André Figueiredo (CE) à presidência da Câmara, mesmo sem garantia de apoio de partidos da oposição, como o PT.
"Nossa candidatura é irreversível", afirmou Figueiredo em um pronunciamento após a reunião em que foi definido o lançamento. "Temos expectativa de que o PT, o PC do B, a Rede e o PSOL possam estar conosco", disse o candidato.
Se conseguir apoio de todos os parlamentares desses partidos, que ainda discutem quem irão apoiar, além dos do PDT, Figueiredo chega a cem votos. O candidato diz contar ainda com votos pontuais de deputados de legendas como o PSB.
Para Figueiredo, o eventual apoio desses partidos às candidaturas de Rodrigo Maia (DEM-RJ), Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF) seria "contraditório".
"Não deixa de ser contraditório termos a expectativa de que esses partidos, que têm uma trajetória política de respeito, venham apoiar eventuais candidatos que atentaram contra a democracia num passado recente", disse Figueiredo.
O DEM foi um dos principais fiadores do impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado. Além disso, Rosso presidiu a comissão do processo de impedimento da petista na Câmara e Jovair deu parecer favorável ao afastamento de Dilma.
Única candidatura de oposição ao governo Michel Temer, Figueiredo disse que, se eleito, manterá uma relação "respeitosa" com o Executivo e que temas polêmicos como a reforma da Previdência seriam discutidos "sem afogadilho".
"Queremos uma gestão que olhe mais para o povo e menos para seus interesses internos", disse o presidente da legenda, Carlos Lupi.
O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zaratini (SP), que já havia participado do lançamento da candidatura de Jovair Arantes (PTB-GO) na semana passada, também participou da reunião desta terça-feira.
"Temos extrema simpatia pela candidatura do André", afirmou Zaratini.
Antes da entrevista, funcionários do partido afixaram em suas roupas adesivos onde se lia "Câmara com Brasil - Para construir a nação que sonhamos".
Também foram distribuídos panfletos com o mesmo slogan e com 12 propostas como realizar sessões diurnas, implementar agendas mensais de votação e alterar as regras de Medidas Provisórias e de arquivamento de propostas.
APOIO
Partidos de oposição aguardavam a definição do PDT para levar adiante suas discussões internas. O PT , sem chegar a um consenso sobre quem apoiará, vai discutir a questão nesta quinta-feira (19) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O partido não quer correr o risco de repetir o que aconteceu em 2015 quando, derrotado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ficou sem lugar na Mesa Diretora.
Alguns integrantes do PT defendem a candidatura de Figueiredo para que tenham um discurso palatável em suas bases sociais, que veem Rodrigo Maia, Jovair Arantes e Rogério Rosso como candidatos ligados ao impeachment de Dilma Rousseff.
Se antes o PT tendia a apoiar majoritariamente a candidatura de Maia, agora já dizem prestar atenção também na de Jovair, que começou a ganhar musculatura com o apoio de deputados do baixo clero, estratégia que deu certo quando adotada por Severino Cavalcanti (PP-PE) em 2005 e por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em 2015.
Tanto Maia quanto Jovair têm prometido lugar para o PT na Mesa Diretora. Ambos prometem respeitar os critérios de proporcionalidade.
Aliados de Maia dizem que ao PT caberia a segunda secretaria, que trata de estágios, prêmios conferidos pela Câmara e da emissão de passaportes diplomáticos para deputados.
Alguns membros do partido querem que Maia entregue a eles a primeira secretaria, uma espécie de prefeitura da Casa. A posição, no entanto, está sendo negociada com o PR, segundo a Folha apurou.
Para parlamentares próximos a Maia, este aceno à candidatura de Jovair é uma tentativa de pressionar o atual presidente da Câmara a dar ao PT a primeira secretaria.
Partidos governistas discutem a formação de blocos para tomar o lugar do PT na escolha de lugares na Mesa. Sozinho, o PT tem a segunda maior bancada, com 57 deputados.

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