MPF denuncia grupo por fraudes em vestibulares e no Enem
Gabaritos
eram repassados durante a aplicação das provas aos candidatos que se
beneficiavam do esquema. Além das aprovações, o grupo buscava
visibilidade para cursinho pré-vestibular
O
Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE) apresentou denúncia, na
Justiça Federal, contra sete pessoas envolvidas em esquema de fraudes em
vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O grupo agia
em municípios do estado - Juazeiro do Norte, Barbalha, Porteiras e Brejo
Santo - para a aprovação indevida de candidatos, principalmente em
cursos de Medicina de instituições públicas e privadas de ensino
superior.
A
fraude era realizada através da utilização de “pilotos”, que são
pessoas de elevado conhecimento, responsáveis pela resolução das provas e
disponibilização dos gabaritos. Depois, as respostas eram repassadas
durante a aplicação das provas aos candidatos que se beneficiavam do
esquema.
Para
possibilitar a fraude, alguns candidatos eram indevidamente inscritos
como sabatistas - indivíduos que, por questões religiosas, guardam o
sábado, suspendendo atividades laborais até o pôr do sol. Esses
candidatos, como todos os sabatistas, entravam nos locais de prova no
mesmo horário dos demais candidatos, porém, apenas iniciavam o exame no
horário noturno. No momento em que as provas já haviam sido resolvidas
por membros da associação criminosa, o gabarito era enviado através de
mensagens de celular para os que fariam a prova à noite.
Outras
estratégias também foram utilizadas pela organização como: inscrições
indevidas de estudantes como deficientes visuais, os quais recebiam uma
prova ampliada e possuíam uma hora adicional para a resolução; e
inscrições indevidas de candidatos como estudantes de escola pública,
mesmo que não o fossem, a fim de possibilitar o ingresso por meio das
vagas reservadas para o sistema de cotas.
De
acordo com o procurador da República Celso Leal, autor da denúncia, o
objetivo da fraude articulada pelos idealizadores da associação
criminosa, além de vantagem financeira e do indevido acesso em cursos de
Medicina, era, também, proporcionar visibilidade e garantir o maior
marketing possível ao cursinho pré-vestibular Aprovamed, especializado
em vestibulares na área da Saúde, localizado em Campina Grande (PB), e
que tinha como proprietários dois dos denunciados. Candidatos
beneficiados com o esquema eram alunos do cursinho e professores do
Aprovamed atuavam como "pilotos", resolvendo as provas e repassando os
gabaritos.
Foram
denunciados: Gerônimo Manoel do Nascimento Neto, Oswaldo Bezerra
Cascudo Filho, Erivaldo Rumão da Luz, Valquira Souza Gomes, José
Honorato Leite, Suzana Bernardo de Oliveira e Heloyse Nascimento Lima. O
MPF requer à Justiça Federal a condenação dos réus por associação
criminosa e a adoção das medidas cabíveis para que as aprovações dos
denunciados sejam devidamente anuladas, com os consequentes
desligamentos dos cursos ingressados.
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