PROCURA-SE
MARLI GONÇALVES
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Prepare-se.
Há uma missão a ser cumprida pessoalmente nas ruas. Não dá para botar
anúncio. As cidades ficariam entulhadas de cartazes se pudéssemos neles
expressar tudo o que andamos perdendo ou só procurando; aliás,
precisando desesperadamente procurar. E achar, mais urgente ainda. Sem
recompensa.
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Procura-se.
Um presidente. Não é para agora, já, assim tipo tão imediatamente.
Ainda temos alguns meses, mas são poucos - calcula - dá pouco mais de
500 dias. E vamos precisar procurar em tudo quanto é buraco para ver se
surge alguém que preste, novo, um quadro político sério que surja depois
desse expurgo geral a que assistiremos esquentar a brasa nos próximos
dias com a revelação do conteúdo das delações.
Surgirão
detalhes, cenas dantescas, certamente degustaremos algumas muito
saborosas quando envolverem nossos desafetos, aqueles que a gente sempre
achou que tinham culpa no cartório porque já enxergamos escrito Culpado
na testa deles, como uma estranha tatuagem invisível que aparece só
quando se joga a luz.
Ouviremos
falar de valores inimagináveis até para quem habitualmente os tem, mas
que não saberiam usá-los de forma tão irresponsável e imatura quanto
alguns dos corruptos, esbanjando, se melecando vergonhosamente.
Saberemos detalhes de suas compras, suas viagens, e especialmente
saberemos para o que foram pagos, o que foi que venderam, o que fizeram
para nos prejudicar para ganhar tanto. Qual foi o preço todo.
Não
vai sobrar pedra sobre pedra. Só temo que seja tanta e tão volumosa a
informação que virá que pode se perder despedaçada por domesticados e
vorazes lobos da informação. Já vi acontecer. Pior é que também não dá
mais tempo dessa saga ser lançada em capítulos, porque não temos mais
esse tempo mantendo a cabeça fora da água para respirar com ondas tão
agitadas.
Assim, voltando ao megafone: procura-se! Povo perplexo procura. País saqueado procura. Gatos escaldados procuram.
Procura-se
também, aliás, um povo mais atento em quem elege. Daí o apelo para
ligarmos todos os radares em busca de novos quadros que ainda possam vir
a ser burilados nesses poucos dias que nos restam até as próximas
eleições de 2018. Não podemos deixar que só vivaldinos, figuras
execráveis como essas se apresentem com seus discursos de ilusões,
vingança, grosseria, lero-lero. Eles já estão pondo as manguinhas de
fora, mesmo ainda com a roupa cheia de lama respingada. Não queremos
mais olhos esbugalhados, moralistas, reacionários, militaristas,
bocudos, aventureiros, moscas mortas, sem vergonhas.
Temos de ter alguma chance de encontrar alguém. Pelo menos um rumo.
Aí você me pergunta por que eu não disse primeiramente "fora homi".
Porque creio que isso não vai acontecer; se acontecesse já iria ser a
substituição do ruim que ficou no lugar da péssima, sendo trocado pelo
pior ainda, dada essa atual linha de sucessão que se impõe no momento.
Para
o tratamento de emergência, no entanto, depois de colecionar as
sandices ditas ultimamente pelo atual e empertigado presidente, sobre
todos os assuntos importantes e fatos que necessitariam de sua atuação e
compreensão, culminando nessa da mulher no supermercado e no lar,
proponho uma solução. Esparadrapo. Ampla distribuição e orientação para
que preguem em suas bocas, em X.
Em boca fechada não entra mosquito. É melhor prevenir do que remediar.
Ladrão de tostão, ladrão de milhão. Sucintos e sábios ditos populares.
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