Ceará: PF prende comparsa de “Fernandinho Beira-Mar”

A Polícia Federal deflagrou, ontem, a Operação Epístolas para desarticular organização criminosa que atuava no tráfico de drogas e na lavagem de dinheiro. A operação resultou na prisão de 24 pessoas, dentre elas 10 familiares de Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, que está preso há 11 anos no sistema penitenciário federal. Ele é suspeito de liderar a quadrilha que movimentou valores superiores a R$ 9 milhões, com ordens recebidas pela troca de bilhetes de dentro do presídio.
Em Fortaleza, a Polícia Federal prendeu uma pessoa, considerada o braço-direito de Beira-Mar. O suspeito, que não teve o nome divulgado, foi preso no bairro Vicente Pinzón e encaminhado a Superintendência da PF no Ceará. Os agentes cumpriram mandado também no Centro e Meireles, em endereços que seriam pontos comerciais do comparsa de Beira-Mar.
Ao todo, a operação tinha 35 mandados de prisão a cumprir, sendo 22 preventivos e 13 temporários, além de 27 conduções coercitivas. A maior parte dos presos (14) foi detida no estado do Rio de Janeiro. Os 85 mandados de busca e apreensão resultaram na apreensão de R$ 100 mil reais em espécie, cestas básicas e cigarros que eram vendidos pela quadrilha. As medidas da 3ª Vara Federal de Rondônia foram cumpridas em naquele estado, no Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Investigações
As investigações se iniciaram há cerca de um ano com a apreensão de um bilhete picotado em uma marmita encontrado por agentes federais de execução penal na Penitenciária Federal de Porto Velho. Após a reconstituição e exame grafotécnico, atestou-se ter sido escrito por Beira-Mar, preso naquela unidade. Pelo documento, apontou a PF, foi possível identificar ordens a outros integrantes do grupo que se encontravam em liberdade. Foram apreendidos cerca de 50 bilhetes redigidos ou endereçados ao interno, que eram entregues por um esquema elaborado para a transmissão de seus recados.

Para tentar comprovar a origem dos rendimentos, foi montado um forte esquema de lavagem de capitais através de empresas de fachada e estabelecimentos comerciais, sobretudo casas de shows e bares, além de aquisições e reformas imobiliárias. A PF estima que a organização chegue a movimentar mensalmente valores superiores a R$ 1 milhão, em razão das atividades ilícitas desempenhadas, sendo identificados preliminarmente bens pertencentes ao grupo avaliados em aproximadamente R$ 30 milhões.
A forma de comunicação da quadrilha, por mensagens escritas, justificou o nome da Operação Epístolas. O termo é utilizado para denominar textos escritos de maneira coloquial em forma de carta, com objetivo, ou não, de serem enviados ou obter respostas dos destinatários.
Familiares
A maior parte das apreensões ocorreu no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, onde a quadrilha de Beira-Mar tinha o controle sobre atividades ilícitas em 13 comunidades. A influência do grupo chegava à Câmara Municipal, onde cargos comissionados eram ocupados por parentes do criminoso. Uma irmã de Fernandinho Beira-Mar também foi presa em Duque de Caxias.
Considerada braço direito do irmão, ela e mais nove parentes dele tiveram a prisão pedida pelo Ministério Público Federal de Rondônia e decretada pela 3ª Vara Federal. Beira-Mar cumpre pena na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, onde a investigação foi iniciada há um ano.

Presos
Os presos preventivamente em outros estados da Federação serão levados para o estado de Rondônia, sendo determinada a transferência imediata do líder e do comparsa responsável pela saída e entrada dos bilhetes para outra unidade do sistema penitenciário federal e a inclusão emergencial de alguns integrantes na Penitenciária Federal de Porto Velho, como forma de desarticular a organização criminosa.

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