Para Barroso, relator da Lava Jato sofre ‘cerco’
Josias de Souza
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, afirma que seu colega Edson Fachin, relator da Lava Jato, está envolto em pressões. “Que há um cerco, há”, declarou, em entrevista ao blog (veja trechos ao longo do texto e assista à íntegra no rodapé). Barroso sustenta que Fachin “precisa de proteção institucional” para lidar com as reações de personagens poderosos que se encontram sob investigação.
“Ninguém poderia achar que um processo criminal desta magnitude, envolvendo autoridades com a estatura das autoridades que estão tendo que se defender e se explicar, não produzisse reação —tanto dos seus advogados quanto dos seus porta-vozes e dos seus aliados”, disse Barroso, antes de sair em defesa de Fachin: “Uma pessoa de integridade, absoluta seriedade e dedicação ao trabalho.”
Fachin, relator da Lava Jato, ‘precisa de proteção institucional’
Abstendo-se de comentar a posição de Gilmar, Barroso se opõe à hipótese de revisão do acordo: “Seria uma deslealdade do Estado, uma vez obtida a informação, não honrar o compromisso que assumiu”, declarou Barroso, evocando comentário que extraiu de um voto de Ayres Britto, ex-presidente do Supremo, já aposentado. “Penso que nós destruiríamos a figura da colaboração premiada, que foi decisiva no Brasil para romper o pacto de silêncio que havia nesse tipo de criminalidade”, acrescentou.
Revisão do acordo com a JBS seria uma ‘deslealdade do Estado’
Se nada for feito, admitiu Barroso, o escudo do foro privilegiado pode resultar na generalização da impunidade nos casos que envolvem detentores de mandato na Lava Jato. “Se isso acontecer seria muito ruim”, afirmou o ministro. “Portanto, é importante encontrar mecanismos que impeçam.” Existe o risco?, perguntou o repórter. E Barroso: “Certamente.” Cerca de duas centenas de autoridades pilhadas na Lava Jato respondem a processos no Supremo.
Foro privilegiado ‘certamente’ injetará impunidade na Lava Jato
O procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu ao Supremo que declare que a nova regra não vale para presidente e vice-presidente da República. Relator do processo, Barroso explica: “Como há esta aparente incongruência —eu não posso opinar sobre o mérito porque isso ainda vai ser julgado— eu, logo que o procurador-geral propôs esta ação, estudei o processo, em outubro do ano passado. Pedi pauta para este julgamento. E a matéria aguarda a inclusão em pauta. O Supremo vai decidir se é [eleição] direta ou indireta.'' Quando?, quis saber o repórter. ''O ideal teria sido decidir isso fora de uma situação concreta. Mas acho que se deve decidir. Há uma frase boa do Martin Luther King. Ele diz: ‘É sempre a hora certa de fazer a coisa certa’.”
‘Supremo vai decidir se é eleição direta ou indireta’, diz Barroso
“A verdade é que um país não pode ir mudando o Direito conforme o réu. Isso não é um Estado de direito, é um Estado de compadrio”, disse o ministro. Instado a explicar as razões da dificuldade de punir criminosos do colarinho branco no Brasil, Barroso respondeu: “Acho que é cultural. É uma parceria histórica e ideológica das elites brasileiras, inclusive as do Poder Judiciário, uma certa dificuldade de prender os iguais. O Brasil ainda não é um país verdadeiramente igualitário.”
Empresários pedem
retomada de financiamento pelo BNDES
30
Estadão Conteúdo
Em Brasília
27/05/201710h01
Ouvir texto
0:00
Imprimir Comunicar erro
Wilson Dias - 22.jun.2016/Agência Brasil
O economista Paulo Rab... - Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/05/27/empresarios-pedem-retomada-de-financiamento.htm?cmpid=copiaecola
Nenhum comentário:
Postar um comentário