Coloridos interrompem Beira Mar em Fortaleza

Resistência a assassinatos foi tema da 18ª parada da diversidade sexual

O Brasil é campeão mundial de assassinatos de pessoas LGBT. Somente este ano, já foram registrados 172 casos. Desse total, dez foram no Ceará, sendo sete envolvendo travestis. O número assusta, e, mais ainda, o alto grau de ódio e intolerância. Por esse motivo, a 18ª Parada pela Diversidade Sexual do Ceará, ocorrida, ontem, na Avenida Beira Mar, destacou a luta pela resistência contra assassinatos de LGBT. De acordo com a organização, a estimativa de público, foi de cerca de 600 mil pessoas.
Logo cedo, a avenida foi tomada pelas cores que representam o orgulho LGBT e pela alegria de quem foi conferir o ato, que nesta edição trouxe o tema: “A parada é nas ruas. 18 anos construindo Resistências e Lutas por democracia e contra o LGBTcídio”. A concentração deu início por voltas das 14h30, próximo à feirinha de artesanatos. A parada contou com a presença da apresentadora oficial da Parada de São Paulo, Tchaka Drag e cinco trios elétricos comandaram a animação do público com as participações do DJ Adrian Brasil, a Mulher Barbada, Joyce Malkomes e DJ Fabinho Vieira. O evento deu início, oficialmente, após cantado o Hino do Brasil. Também houve minuto de silêncio e momento de protesto cntra a LGBTfobia. A multidão seguiu até o Aterro da Praia de Iracema, ponto final do ato.
O presidente do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab), Francisco Pedrosa, reforçou a necessidade de implantação de políticas públicas concretas para a população LGBT. “A gente tem um cenário, hoje, de LGBTcídio, no estado. Até agora tivemos dez assassinatos, dentro sete travestis. A questão da violência, é uma questão estrutural”, disse.
Pedrosa aproveitou para cobrar do Governo do Estado, a efetivação de políticas prometidas após o ato de violência contra a travesti Dandara. O caso ocorreu em março, em Fortaleza, e teve repercussão internacional devido tamanha brutalidade, onde um grupo torturou a travesti até provocar a morte da mesma e o vídeo circulou pelas redes sociais provocando grande comoção. Segundo Pedrosa após o crime, o governo prometeu a criação de um Centro de Referência LGBT e o Conselho LGBT. “Isso foi cobrado ao governador no dia dez de março em audiência, mas não foi efetivado”, afirmou.
“A gente exige que políticas públicas sejam efetivadas, ou seja, a parada é um momento de celebrar o orgulho, de gays, lésbicas, travestis, homossexuais, mas é um momento de reivindicar uma série de questões”, completou.
Os homicídios contra pessoas LGBT deixa o Ceará entre os oito estados brasileiros que mais cometem crimes contra a população LGBT. A parada ocorre no mês dedicado à consciência LGBT, como aconteceu em São Paulo no domingo anterior. O evento carrega a finalidade de contribuir para o emponderamento e mobilização política da população LGBT, além de reafirmar suas bandeiras de lutas e liberdade de orientação afetivo-sexual.

Força
Para Gloss, presidente do grupo VOOS, que significa liberdade, a parada, em Fortaleza, não perdeu sua força. Do município de Massapê, distante 244 km da capital, Gloss não perde uma edição. “Sempre participo e sou incentivador da parada. As pessoas dizem que está perdendo o sentido, que não tem mais aquele sentido de protesto. Tem. Tem, sim. Tem uma força ainda e a força principal é mostrar que temos visibilidade, que nós somos muitos, nós somos milhões, e não venham mexer com a gente, porque a gente não anda só”, deixou o recado. A parada é uma realização do Grab em parceria com a Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual da Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), órgãos governamentais e Movimento Social LGBT.

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