O que vai ser da tucanagem
Tinha uma seriema na rua lá de casa, na praça João Pessoa, no quintal do seu Teodoro. Quando se via aperreada ela abria o berreiro no mundo. E a gente, moleque, aperreava do lado de fora. E haja grito. E tinha o Barto, um cachorro absolutamente maluco, criado pelo meu tio Frederico, preso numa corrente no fundo do quintal. Uma vez por semana soltavam o Barto. Tia Regina gritava: Lá vai o Barto! E abriam a porta da rua. Do quintal à porta da rua, um corredor tinha pra lá de 100 metros. Um quarteirão. O Barto disparava, todo mundo saia da reta e ele singrava até o outro lado da Praça, fazia a curva, voltava no mesmo pique e entrava em casa indo sozinho pra corrente no fundo do quintal. E tinha o Fulial. Fulial era o cachorro do Pai Vovô Pompeu Ferreira da Ponte, marido de Mãe Vovó Petronilha, A Racista. O Fulial era governista. Capado, gordo que nem gato de pensão, o Fulial dava porrada nas visitas com seu rabo grosso e duro. Era tudo puxada de saco. O Fulial era um puxa saco de quem chegasse, sempre atras de um afago, um agrado.
Lá em casa, moradora do benjamim do seu Pompeu, tinha uma preguiça. Ela começava a descer umas 6 da manhã. Mei dia, quando Pai Vovô chegava pro almoço ela chegava junto à mesa e ia direto pra cadeira do chefe. Lá ganhava folhas e mais folhas. Comia o que Deus deixava e, satisfeita voltava pro benjamim, outra aventura de tres a quatro horas. Subia e ia dormir. Do outro lado da praça, no quintal que dava pra João Pessoa, o coronel Pedro Mendes Carneiro criava pombos. Na juventude, quando a gente precisava de um tira gosto pro cuba libre a quem apelar? Pro pombal do coronel que nem notava. Pois bem. A seriema morreu. O Barto morreu de velho. O Fulial morreu de gordo e de puxa saco. A preguiça,velha,errou o caminho e morreu atropelada. O pombal foi desfeito. Sobrou eu pra contar a história.
Macário Batista o "abençoado".
Ainda há muita gente viva pra confirmar essas histórias de Sobral.
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