PIB do Ceará sobe 2,17% no 2o trimestre

O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará registrou crescimento de 2,17% no segundo trimestre deste ano, tomando como referência o mesmo período do ano passado. Essa é a primeira ocasião em que há variação positiva nesse número, que registrava queda já há oito trimestres consecutivos. “Esse crescimento de 2,17%, bem acima do País, mostra a recuperação da economia cearense. Gostaria de dizer que o Ceará é o primeiro em volume de investimentos, em equilíbrio fiscal, em transparência e em educação. E tudo isso impacta diretamente a vida das pessoas, com a geração de emprego, renda”, afirmou governador Camilo Santana. No acumulado do ano, o PIB do Ceará registrou alta de 0,77% e o do Brasil ficou estável (0,0%).
As informações foram divulgadas, ontem, pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Segundo Flávio Ataliba, diretor geral do instituto, o principal fator que desencadeou esse resultado foi o bom desempenho da agricultura, que registrou avanço de 41,26% frente ao segundo trimestre de 2016. “Isso é reflexo de um alívio do período de seca, o que fez com que o plantio do primeiro trimestre tenha gerado uma colheita positiva, que impactou a atividade econômica no segundo trimestre”, explicou.
Além disso, contribui também a participação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) na indústria de transformação, que teve variação positiva de 7,01% e cobriu as quedas observadas na indústria extrativa mineral (-21,06%) e na construção civil (-7,70%). Esta é a primeira divulgação em que a pesquisa leva em consideração a CSP, no cálculo da atividade econômica do Estado.
Na variação frente ao trimestre imediatamente anterior, essa já é a segunda alta seguida que o Estado tem no resultado do PIB, tendo sido de 1,33% no segundo trimestre e de 2,26% no primeiro. O ponto mais baixo observado desde o início da recessão foi no terceiro trimestre de 2015, quando o Ceará teve uma redução de 2,69% na atividade econômica.

Fim da queda
Alexsandre Cavalcante, analista de Políticas Públicas do Ipece, conta que a tendência observada nesses números é de que o Ceará encerre seu processo recessivo no terceiro trimestre, caso os resultados permaneçam positivos. Para que a recessão se dê como encerrada, é preciso que se passem pelo menos dois trimestres sem queda no nível de atividade econômica na variação sazonal – ou seja, levando em conta o mesmo período do ano anterior.
A esses fatores se soma o fato de que o terceiro trimestre é costumeiramente o mais positivo para a economia cearense, com expectativa de aumento no número de contratações. O quarto trimestre, por sua vez, toma como impulso as festas de fim de ano, que alavancam o comércio e o setor de serviços como um todo. Alexsandre lembra que no próximo resultado não haverá mais o empurrão da agropecuária, do qual a economia se beneficiou no segundo trimestre, mas os demais setores devem reagir.

Outro ponto que amplia o otimismo para o restante deste ano é a perspectiva de baixa da taxa básica de juros (Selic), que no início deste mês atingiu a marca de 8,25% ao ano, no seu oitavo corte consecutivo. A Selic repercute nas demais taxas de juros, alargando o poder de compra da população e influenciando, inclusive, o crédito na construção civil, setor que ainda não parou de cair.
Recuperação da economia cearense já está voltando
Segundo Alexsandre Cavalcante, a crise econômica fez com que em 2015 houvesse uma quebra da sazonalidade em todas as atividades econômicas, com o mercado se comportando de maneira anormal em períodos do ano em que já era esperado que o resultado fosse outro. “Isso está sendo revertido em 2017, à medida que a economia volta à normalidade”, assevera.
Em meio aos resultados, o setor de serviços é o que apresenta a recuperação mais demorada, uma vez que depende diretamente da disposição da população para o consumo. Os serviços representam cerca de 75% da economia do Ceará, o que significa que a recuperação da atividade econômica está intimamente ligada ao restabelecimento desse setor.
Segundo o Ipece, o Ceará, caminhando para uma retomada do crescimento do PIB, deve fechar o ano com aumento de entre 0,8% e 1,0%, enquanto o avanço da economia brasileira deve ficar em torno de 0,6%. Na variação sazonal do segundo trimestre, onde o Estado teve crescimento de 2,17%, o número nacional foi de apenas 0,3%.
Flávio Ataliba avalia que isso se deve, em parte, devido à boa situação das contas públicas cearenses, em comparação a muitos outros. “O Ceará vem mantendo suas finanças organizadas e isso reflete na atividade econômica, porque mantém a capacidade do Estado de fazer investimentos. Nisso, a iniciativa privada vai junto e reflete em todos os setores da economia”, explicou.

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