Equerem trazer turista pra Fortaleza

Irregular: ambulantes causam incômodo

A Ponte dos Ingleses já foi um dos principais cartões-postais da turística cidade de Fortaleza. O lugar tem uma das vistas mais exuberantes da Capital e proporciona o mais incrível pôr do sol. Ir à ponte era um dos programas preferidos dos fortalezenses e turistas que, além das atrações naturais, apreciar os restaurantes e quiosques do local e entorno tornava o passeio convidativo. Lá, a qualquer hora do dia ou da noite, era possível ver famílias passeando, casais namorando, amigos se encontrando e os animados grupos que iam para cantar, e até orar. Hoje, o equipamento é cercado pela insegurança, tornou-se ponto de consumo de drogas e o comércio ambulante irregula
É só dar uma volta pelas ruas da Praia de Iracema para constatar que o problema de insegurança não é somente na Ponte dos Ingleses, mas em todo seu entorno. O jornal O Estado recebeu denúncias de comerciante cadastrado e regular, com o alvará de funcionamento, dividindo o espaço com dezenas de outros ambulantes irregulares. Segundo a reclamação, o problema é diário e ainda pior aos domingos, dia de mais movimento. Além disso, usuários de drogas tomam conta do calçadão para fazer uso das substâncias ao ar livre.
De acordo com uma comerciante, que pediu para não ser identificada, todos os dias, a Rua dos Cariris, que dá acesso direto à Ponte dos Ingleses, se enche de ambulantes informais. “A Praia de Iracema era do tempo que tudo que você colocava para vender, vendia. Hoje, para gente ter um comércio, tem que ser registrado, e isso custa caro. Devido à violência, tráfico de drogas e os usuários, não tem mais 10% do movimento de antes. Até porque, um dos principais pontos turísticos, que é a Ponte dos Ingleses, está entregue às baratas.
Só serve para usarem drogas, realizarem assaltos e dormirem. Não tem mais comércio nenhum. O que está acontecendo é que nós, que temos comércio regularizado na Prefeitura, pagamos altos impostos, para no único dia de movimento, que é o domingo, não vendermos nada, pois no calçadão da ponte tem tanto ambulante, que você nem consegue passar”, reclamou.
Ainda conforme a comerciante, que mora na Rua dos Cariris há 56 anos, desde o início deste ano ela e os demais comerciantes estão enfrentando o problema tendo que dividir o comércio com dezenas de outros ambulantes irregulares. Ela reclama que, na semana, os informais começam a chegar por volta de 8 horas e ficam até umas 17 horas, quando o movimento cai.
No domingo, eles chegam bem cedo, 6 horas é possível ver alguns deles montando as barracas e garantindo o lugar. Com o movimento maior, permanecem no lugar até por volta de 20 horas. “Os fiscais da Regional II nunca aparecem por aqui, quando vem, uma vez perdida, são escoltados pela Guarda Municipal. Eles vêm da Praia dos Crushes até aqui no calçadão da ponte tirando todos os ambulantes, mas passam, no máximo uns 30 minutos, e depois vão embora. Quando vão embora, os ambulantes voltam todos para os seus lugares, e a gente que tem ponto fixo, que paga altos impostos, ficamos sem vender e sem ganhar, pois, para vendermos algo, temos que baixar o preço das mercadorias”, denunciou.
O jornal O Estado procurou a Secretaria Executiva Regional II para saber qual previsão de regulamentação dos ambulantes e indagou se a fiscalização é intensa, sobretudo aos domingos, bem como até que horário os fiscais prestam serviço no local, mas até o fechamento não houve retorno.
Insegurança
A moradora, que pediu para ter identidade preservada, conta que a Praia de Iracema ainda existe por causa de seus moradores. “Nós não podemos mais aproveitar seu bairro pela falta de segurança. O domingo é o pior dia, pois quem quer ir à praia, tem que sair do bairro. É o único dia que podemos aproveitar para descansar e não podemos levar nossos filhos e famílias porque a praia está tomada pelos usuários de drogas para fumar maconha a qualquer hora”, disse. Segundo ela, que mora há mais de três anos e frequenta o bairro desde sua adolescência, existe o policiamento frequente, mas as atuações são raras.

A bibliotecária Carine Matias não mora no bairro, mas recorda-se do tempo em que ir para a ponte era um programa. “Praticamente todos os finais de semana eu estava na Praia de Iracema, para curtir a praia ou ver o pôr do sol na ponte, encontrar amigos. Hoje, evito. Ando mais pelo lado da Avenida Beira Mar, que é mais movimentado”, afirma. Conforme ela conta, deixou de ir devido à marginalidade. “Uma vez fui na ponte à noite, após um festival no Dragão do Mar, me assustei quando constatei o que sempre ouvi falar: garotos e garotas usando drogas, bebendo. Um cenário totalmente contrário ao que eu era acostumada a ver quando ia. Deu um choque, o sentimento foi de que aquele lugar, na minha cidade, não me pertencia mais. É uma pena”, lamentou.
Plano estratégico
No início de outubro, A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal do Turismo (Setfor), reuniu-se com o Conselho da Praia de Iracema para apresentar uma prévia do Planejamento Estratégico para a requalificação da Praia de Iracema. A proposta foi apresentada aos órgãos da Secultfor, AMC, Seuma, Agefis, Segurança Cidadã, Regional II, Regional do Centro e BPTur. Moradores, empresários, igreja e líderes da comunidade também participaram. A expectativa era de que o plano fosse apresentado pelo prefeito Roberto Cláudio ainda no fim do mês passado.

O planejamento envolve oito pontos, entre eles, a questão da segurança e comércio, além do ordenamento urbano, mobilidade urbana, eventos, meio ambiente, moradores, potencial turístico. Entre as propostas, a regulamentação dos ambulantes.

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