Área Metropolitana de Lisboa vai ter um passe único
Anúncio
foi feito ontem por Fernando Medina, no encerramento do terceiro dia de
conferências que assinala o 153.º aniversário do Diário de Notícias.
Os
problemas de mobilidade em Lisboa só se resolvem em conjunto com os
concelhos da Área Metropolitana da cidade. O reconhecimento é do próprio
presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Fernando Medina
acredita que uma das formas de aumentar o uso dos transportes públicos é
facilitar a sua utilização com a criação de um passe único para a Área
Metropolitana de Lisboa (AML). "Estamos numa nova fase, em que os
municípios e as áreas metropolitanas passaram a gerir os transportes e
na AML há centenas de títulos de transporte. Vamos introduzir um passe
único que possa ser usado em todos os transportes rodoviários (geridos
pelas autarquias) e extensível ao comboio (que é gerido pelo Estado).
Depois, cada munícipe usa os transportes que entender, sem se preocupar
que empresa opera naquele local", descreve.
O
autarca falou durante o encerramento da conferência Cidades e
Mobilidade, do ciclo que assinala os 153 anos do Diário de Notícias, e
que termina hoje, no Centro Cultural de Belém. Fernando Medina antecipou
que nos próximos quatro anos "as questões da mobilidade vão ser
centrais". No caso de Lisboa, um dos problemas a resolver é como evitar
que todos os dias as pessoas que vivem nas zonas limítrofes tragam cerca
de 370 mil carros para a cidade. "É preciso resolver o problema da
Linha de Cascais, mas já estamos a chegar tão tarde que a maior parte
das pessoas já moram mais perto da A5 do que da linha do comboio, e vão
ser precisas ligações de transportes públicos até à linha", exemplifica.
Melhorar
as ligações de transportes públicos e criar alternativas de mobilidade
dentro da cidade são duas das soluções apresentadas por Fernando Medina.
"Temos de ter transportes elétricos, porque são mais sustentáveis, mas
não podem ser transportes individuais. Bicicletas, motos e carros
partilhados são soluções importantes para complementar os transportes
públicos. Não resolvem o problema."
Os
transportes públicos terão de se adaptar. Por exemplo criando respostas
on demand: "Se calhar não faz sentido ter um autocarro de cinco em
cinco minutos nas ligações entre bairros às 23.00, mas um serviço de
miniautocarro on demand, que se peça, já pode ser rentável para servir
essas populações quando precisam."
A
Carris - que completa agora um ano de gestão camarária - é um dos
pontos-chave na mobilidade de Lisboa. Muito criticada pelo
envelhecimento da frota e pela demora nas ligações, só em 2019 os
utentes podem sentir melhorias significativas no serviço. A garantia foi
dada pelo CEO da empresa pública de transporte, Tiago Lopes Farias. "É
um plano ambicioso para quatro anos, em que pretendemos devolver aquilo
que se perdeu em sete anos de desinvestimento", apontou.
O
responsável da Carris falou da necessidade de se criar soluções
integradas de transportes públicos. "Vai ser necessário um grande
investimento, mas vai levar a que as pessoas usem melhor o carro." Tiago
Lopes Farias referia-se à necessidade de integrar os transportes
públicos com as novas soluções como os veículos partilhados. "Nos
próximos anos as cidades vão fervilhar com estas soluções conectadas e
elétricas."
Presente no debate
com o CEO da Carris, o eurodeputado do PCP João Pimenta Lopes criticou o
desinvestimento nos transportes públicos - em que incluiu a situação da
Carris. "As respostas para a mobilidade passam por uma política de
transportes públicos, que têm sido descapitalizados", referiu.
O
político deu como exemplo a Linha de Cascais, há anos à espera de ser
reabilitada, mas também do reforço na circulação do metro de Lisboa. "A
malha urbana é muito dispersa e sabemos que não é possível ter um
transporte público à porta, por isso temos de garantir que haja um local
para deixar o carro, e de forma gratuita para quem usa transportes",
defendeu. Para quem está no setor privado, neste caso da empresa de
renting LeasePlan, acredita-se que os carros ainda vão ser centrais na
mobilidade, mas serão elétricos e alugados. A antecipação de tendências
foi feita por António Oliveira Martins, diretor-geral da empresa, que
acredita no uso do carro em regime de subscrição quando necessário.
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